Em média, 500 paraguaios por dia viajam aos Estados Unidos para se vacinar contra covid

O “turismo de vacinas” dá um respiro para o setor de viagens, um dos mais atingidos pela crise provocada pela pandemia.

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Os Estados Unidos são agora a meca da vacina para os paraguaios que têm poder aquisitivo. Sem condições de ter imunizantes a curto e médio prazos, o país vê uma “revoada” de 500 pessoas por dia rumo à América do Norte, onde as vacinas são aplicadas sem restrições em Miami, na Florida, principal destino turístico para os latino-americanos.

Segundo a Associação Paraguaia de Agências de Viagens e Empresas de Turismo (Asatur), este fenômeno dá esperanças ao setor, duramente atingido pela pandemia, como informa o jornal ABC Color. Mesmo assim, o movimento de viajantes representa apenas 30% do que era em épocas anteriores à crise.

O diretor da Asatur, Nelson Ferreira, disse ao ABC Color que há hoje três voos de Assunção a Miami, um deles direto e dois com escala no Panamá, que vão quase cheios. “A demanda é alta”, afirmou, sobre o turismo de vacinas. E deve aumentar agora que o estado de Nova York está convidando estrangeiros para ir receber a segunda dose contra covid-19.

“Isto nos dá um certo fôlego e esperança, porque faz um ano que o setor está sem movimento sério”, disse Ferreira. Ele acrescentou que, quanto mais gente vacinada, maior será a demanda por viagens.

“Lucro eu não creio que nenhuma agência tenha, mas sim a possibilidade de começar a se sustentar e trazer de volta os empregados suspensos”, afirmou.

O diretor da Asatur contou que muitos viajantes consideram que viajar para tomar a vacina é um investimento, já que com isso evitam um possível gasto de internamento, que, no Paraguai, já supera amplamente o custo da viagem. Além disso, depois de se vacinar, os paraguaios fazem turismo de compras e se divertem.

PACOTES

A vacina contra a covid-19 é hoje um dos maiores atrativos dos Estados Unidos.

O portal da BBC News já havia feito reportagens sobre este fenômeno do “turismo de vacinas”. Entre os americanos que mais viajam estão mexicanos e colombianos. Nos dois países, proliferam agências de viagens que promovem pacotes turísticos que têm como principal atrativo o acesso à vacina, “ainda longe do alcance da maioria em muitos países latino-americanos, devido à lentidão em sua distribuição na região”, diz a BBC.

E é muito fácil se vacinar. Uma venezuelana ouvida pela BBC disse que bastou apresentar o passaporte e ela e a família se vacinaram sem sair do carro.

Nos Estados Unidos, já foram administradas mais de 160 milhões de doses de vacinas, número inferior apenas ao da Índia (324 milhões), país muito mais populoso. Mais da metade (53%) dos 328 milhões de americanos já receberam pelo menos uma dose de imunizante. E 115 milhões estão totalmente imunizados.

Pra comparar, a Colômbia só vacinou 6,1% da população com uma dose. O Paraguai, 1,8%.

Inicialmente, havia uma certa resistência interna por parte dos americanos, em relação ao turismo de vacinas. Mas, agora, eles entendem que isso está contribuindo para dar uma alavancada no turismo, embora leve. Houve até uma tentativa do governo da Florida de limitar a vacinação apenas a residentes, mas na prática virou intenção morta.

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