Enquanto os "paseros" se manifestavam na Aduana e no microcentro de Ciudad del Este, obrigando os comerciantes a fechar as portas, a rodovia que liga a Hernandarias foi bloqueada pelos invasores da propriedade que pertenceu ao ditador Alfredo Stroessner.
E a manifestação de lá teve a ver com a dos "paseros". É que o líder dos invasores, o grafiteiro Rafael Esquivel, conhecido como "Mbururú", acabou preso durante confronto com a polícia, na região da Aduana paraguaia.
Mbururú estava transmitindo o confronto entre os paseros e os policiais e, em dado momento, empurrou um dos uniformizados, o que gerou sua detenção. Outras quatro pessoas também foram presas no enfrentamento com a polícia, que utilizou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para conter a mobilização.
Houve registro de manifestantes feridas e de vários carros que tiveram os parabrisas arrebentados. Segundo o governo, também ficaram feridos alguns integrantes da Marinha, da polícia e até o diretor da Polícia de Alto Paraná, comissário Julio Díaz, que levou uma pancada na cabeça.
"Paseros"
A Ponte da Amizade, ao longo da manhã, foi fechada algumas vezes pelos paseros, o que provocou filas gigantescas e muita confusão, tanto no lado brasileiro como no paraguaio.
Na segunda-feira, 9, a manifestação dos paseros terminou com um acordo em que o governo aumentou a taxa de ingresso de mercadorias do Brasil, de US$ 150 para US$ 300 por pessoa, ao mês.
No entanto, logo cedo, nesta terça, grupos se mobilizaram no microcentro de Ciudad del Este e mais uma vez foram protestar na Aduana do Paraguai, porque não aceitam que haja controle da entrada de mercadorias do Brasil.
Para protestar contra a retenção de mercadorias, os paseros bloquearam a ponte, exigindo a retirada da Marinha e da Coordenação Operativa de Investigação Aduaneira, além do aumento da cota.
Sob controle
Ao meio-dia, o ministro do Interior do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, disse em entrevista coletiva, em Assunção, que a situação em Ciudad del Este estava controlada.
Segundo o ministro, o acordo com os paseros foi apenas para aumentar a cota de ingresso de produtos brasileiros, de US$ 150 para US$ 300, mas nunca foi prometido liberar o acesso de produtos para eles.
Para o ministro, fica difícil compreender por que, logo depois de um acordo em que ambas as partes estavam satisfeitas, "comecem os atos de violência". O ministro disse suspeitar que a manifestação desta terça não tem a ver com o que foi acertado entre os paseros e a Direção Nacional de Aduanas. “Devem estar vinculados com alguma outra coisa", disse.
O ministro não deu detalhes, mas o diretor de Aduanas, Julio Fernández, havia mencionado que um grupo "politizado" liderou os protestos desta terça.
O ministro criticou ainda os manifestantes por terem ido a outra mobilização, a da rodovia que liga Ciudad del Este a Hernandarias, protagonizada pelos invasores da propriedade do ditador Alfredo Stroessner, a alguns quilômetros de onde ocorreram os enfrentamentos.
O ministro ironizou dizendo que, provavelmente, eles terão mobilização por outros motivos durante a tarde.
Ocupantes
A rodovia Ciudad del Este-Hernandarias está fechada por cerca de 200 pessoas que ocupam a propriedade de Stroessner. Eles dizem que só vão liberar a estrada depois que "Mbururu" for liberado.
Os manifestantes fizeram um cordão humano em ambas as vias da supercarretera e queimaram pneus. Além disso, prepararam pedras, paus e até armas brancas para uma eventual intervenção da polícia.
Fontes: Vanguardia, ABC Color, La Nación e Últimas Notícias
Em vídeo
O vídeo abaixo, publicado no Vanguardia, dá uma ideia do que foi a mobilização e o confronto entre paseros e policiais.
Observação final: depois que houve acordo, na segunda-feira, mas a manifestação teve intensidade até maior, nesta terça, não se sabe o que pode acontecer em Ciudad del Este, na quarta, 11. Vale o conselho: só vá lá por necessidade ou negócio, não para fazer compras ou por lazer.
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