Operação do Gaeco na Prefeitura de Foz confirma: sem compliance, a corrupção pode virar regra

José Elias diz que quando há falta de compliance, é difícil isentar quem quer que seja.

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José Elias Castro Gomes – OPINIÃO

Uma gestão pautada pela ética e pela transparência pode blindar os recursos públicos contra usos indevidos. Quando essa condição se fragiliza, a tendência inevitável é a de ocorrerem desvios de conduta e do erário. E quando os agentes públicos se mostram omissos e indiferentes quanto a ela, daí todos se tornam corresponsáveis pelas falhas e incorreções que venham a ocorrer.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em Foz do Iguaçu para investigar fraudes em licitações que superam R$ 10 milhões. A Prefeitura já estava sendo investigada não apenas por essa suspeita, mas também por crimes contra a administração pública e de falsidade ideológica.

Fui Secretário da Transparência e Governança de Foz, solicitando minha exoneração do cargo quando minhas iniciativas estavam sendo encaradas de forma desdenhosa ou refratária por parte do poder público local, como no caso do fundo anticorrupção que busquei implementar e que foi completamente rechaçado por nossos vereadores. Paira agora alguma dúvida de o quanto essa medida seria salutar para nosso município?

Enquanto não for fortalecida a Controladoria, que hoje inexiste, com um foco grande na fiscalização e gestão dos contratos, não será possível obter avanços minimamente significativos. A falta de controle, aliás, talvez tenha gerado inúmeras outras irregularidades na gestão municipal, as quais poderão ser reveladas no decorrer das próximas semanas. O transporte coletivo subsidiado e sem controle de custos bem pode ser um desses nichos de gestão indevida que virão à tona.

Entidades como o Observatório Social também deveriam vir a público nesse momento para explicar o seu papel e o da população para evitarmos situações como essa. Precisamos de agentes fortes de fiscalização atuando com apoio da coletividade.

É um momento muito significativo, e mais que urgente, para os políticos de Foz refletirem e agirem em nome de ações que formem barricada para enfrentar a corrupção.

José Elias Castro Gomes é ex-Secretário da Governança e Transparência de Foz do Iguaçu.

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Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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