
O Teatro Otília Schimmelpfeng, o Barracão, teve o tombamento homologado oito meses depois da aprovação do pedido pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Cepac). A decisão foi publicada em Diário Oficial no dia 30 de abril.
Situado no Jardim São Paulo, na Praça da Bíblia, o teatro de madeira – que é uma espécie de símbolo de resistência da cena artística da cidade – tornou-se Patrimônio Cultural Municipal de Foz do Iguaçu.
Inaugurada há 33 anos, a edificação foi criada a partir de um projeto do Governo do Estado para ser transitória e incentivar a arte em cidades do interior, porém com o tempo acabou perpetuando-se como um dos poucos espaços cênicos de Foz do Iguaçu, que ainda não tem teatro municipal.
Com o tombamento homologado, as construções, demolições e paisagismo relativo ao bem deverão seguir a Lei 4.470/16.

Presidente do Cepac, Pedro Louvain diz que o principal critério para o reconhecimento como Patrimônio Cultural Municipal foi em relação ao valor artístico e à ressonância comunitária no campo da arte.
Conforme o protocolo de salvaguarda relativo ao tombamento, serão preservados o nome do teatro, a estátua do violeiro que fica na entrada, a fachada, a parte interna e o palco, entre outros aspectos.
A dimensão do palco deve ser mantida, e as paredes podem receber melhorias com relação à manutenção e acústica.

Já as árvores não estão incluídas no tombamento, podendo eventualmente ser substituídas.
De acordo com Louvain, foi feita uma consultoria para definir quais elementos deveriam ser preservados e os que poderiam ser alterados.
O espaço estava sob regime de preservação de bem tombado desde 19 de agosto do ano passado, conforme decisão do Cepac.
Sob responsabilidade do município por muito tempo, o teatro foi cedido em sistema de comodato para o Centro de Cultura Popular na administração anterior, do ex-prefeito Chico Brasileiro.
O provisório que se tornou definitivo
O Teatro Barracão abriu as portas em Foz do Iguaçu em 26 de setembro de 1992, com a presença da professora Otília Schimmelpfeng, que dá nome ao espaço. Ela é filha de Jorge Schimmelpfeng, primeiro prefeito de Foz.
A edificação em madeira fazia parte de um projeto da década de 1990 financiado pelo extinto Banco do Estado do Paraná (Banestado) e com recursos da Lei Sarney.
A construção foi viabilizada por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Teatro Guaíra, representada por Constantino Viaro, e prefeituras.

A proposta era construir espaços culturais de baixo custo e transitórios para que, pelo menos após dez anos, os municípios erguessem seus próprios teatros.
À época, teatros com estrutura semelhante à do Barracão foram instalados em Cascavel, Maringá e Araucária.
No caso de Foz do Iguaçu, a estrutura de madeira para montar o teatro chegou em 1989, contudo ficou três anos parada até que as obras começassem.
Das quatro cidades contempladas pelo projeto, apenas Foz do Iguaçu não tem teatro municipal, apesar de ser um destino turístico e um dos maiores municípios do estado.