Bruxa do Oeste exalta a magia que modifica realidades

Websérie enaltece a trajetória de Maria Luiza Alves Carvalho, educadora de Medianeira que esbanjou vida por onde passou.

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Uma voz contra as injustiças sociais no Paraná. Uma pessoa com uma sensibilidade incomum para os invisíveis. Maria Luiza Alves Carvalho teve a estranha mania de ter fé na vida para superar as adversidades mundanas. Uma verdadeira bruxa à solta no Oeste do Paraná capaz de modificar a realidade ao seu redor. Essa é a sua magia, viva até hoje!

Nem sempre foi assim. Por certo ela não nasceu pronta para enfrentar o dia a dia em um pedaço do Brasil colonizado por descendentes de europeus. Maria Luiza veio ao mundo ano de 1962, no Rio Grande do Sul, dois anos antes do golpe militar de 1964. Ainda criança, mudou-se com a família para Medianeira.

Crescer no interior paranaense forjou nela as primeiras bases ao porvir. Logo deu novas cores e verbos à própria existência. Professora do ensino básico, ativista política, defensora da agricultura familiar e da reforma agrária, educadora rural, feminista, amante da natureza e dos povos indígenas, além de militante em prol dos direitos humanos.

O audiovisual Bruxa do Oeste resgata essa história em sons em imagens para torná-la imortal. – Foto: Adenka Luna

Um fragmento simbólico dessa trajetória é uma declaração sua ao jornal da Escola Municipal Carlos Lacerda, de Medianeira: “Tanto, tanto se fala em 500 anos, mas o que importa realmente é a nossa, a sua e a minha história, e o que perpetuará desta história para gerações futuras”, registra a edição de junho de 2000, alusiva ao descobrimento do Brasil.

Palavras serenas de uma mulher que comoveu quem cruzou o seu caminho. Mas quem não teve essa sorte, faz como? A série “Bruxa do Oeste” pode ajudar ao resgatar parte da memória de Maria Luiza. Com direção de Lara Sorbille e produção de Camila Coradette e Paula Castilho, o audiovisual tem estreia programada para dezembro.


Filha caçula, Cabocla João é protagonista das performances

Documentário reúne interação com paisagens, memórias e materiais de arquivo. – Foto: Adenka Luna

O documentário reúne quatro performances (Jogo das Cadeiras, Cura, Santa e Drag do Oeste) protagonizadas pela performer Cabocla João, filha caçula de Maria Luiza Alves Carvalho. O roteiro busca uma aproximação entre os corpos e histórias que atravessam o Oeste do Paraná, por meio de interação com paisagens, memórias e materiais de arquivo.

“Traremos ao público uma afinidade com as narrativas de resistência da região, das quais a mãe de João [falecida em 2016 por complicações de saúde] era parte significativa. Contamos essa história pela exaltação da vida, que celebra a memória dos que já foram”, antecipa a diretora Lara Sorbille.

Performeira autodeclarada, Cabocla João elabora seu luto junto à sua identidade e expressão de gênero. Em Foz do Iguaçu reivindica, por meio da arte, a origem rural em Medianeira, a negritude em meio a um contexto familiar majoritariamente branco e gaúcho, a criação por uma mulher feminista e um olhar atento a tudo e a todos.

As bruxas da região

As datas e locais da exibição serão divulgadas em breve no perfil do Instagram @doc.bruxadooeste. – Foto: Jennifer Olivetti

A produção audiovisual, ao resgatar as memórias e a trajetória de Maria Luiza Alves Carvalho, também busca mostrar que existem várias outras bruxas vivendo no Oeste, no Leste, no Sul e no Norte – todas detentoras desta magia: a força de mudar o mundo ao seu redor.

“Com a licença poética do documentário performático, podemos mostrar essa magia de forma lúdica através do que cada corpo carrega e está disposto a compartilhar com a câmera. Transformamos essa história em sons em imagens para torná-la imortal”, completa a diretora.

“Bruxa do Oeste” foi aprovado no edital de concurso 01/2021 para seleção de projetos de produção e difusão cultural – aberto pela Prefeitura de Foz do Iguaçu e Fundação Cultural, sendo viabilizado com recursos do Fundo Municipal de Incentivo Cultural.

As datas e locais da exibição serão divulgadas em breve no perfil do Instagram @doc.bruxadooeste. Mais informações sobre a produção podem ser obtidas pelo WhatsApp (45) 99860-3222, com Lara Sorbille.

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