GAECO apura se há ingerência de Protetora Carol Dedonatti em diretoria, além de ‘rachadinha’

Vereadora diz que acusações são falsas e vêm de adversários; prefeitura afirma que agirá se for constatada irregularidade na Diretoria de Bem-Estar Animal.

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Vereadora diz que acusações são falsas e vêm de adversários; prefeitura afirma que agirá se for constatada irregularidade na Diretoria de Bem-Estar Animal.

O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) de Foz do Iguaçu, promotor Tiago Lisboa Mendonça, deu esclarecimentos sobre a operação “Tudo pela causa”, deflagrada nesta sexta-feira, 9, para apurar possível crime de “rachadinha”. A ação tem como alvo principal a vereadora Protetora Carol Dedonatti (PP).

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A parlamentar nega as acusações e diz que elas partem de adversários para prejudicar seu mandato e a candidatura nas eleições deste ano. Pela manhã, o GAECO cumpriu nove mandados de busca e apreensão, nos gabinetes da vereadora e de um assessor do Legislativo, na Diretoria de Bem-Estar Animal (Diba) e em uma associação dirigida por Carol Dedonatti.

Outras cinco ordens da Justiça foram executadas nas casas dos acusados. Sustenta o GAECO que a vereadora, o seu companheiro – um policial civil, que está afastado das funções temporariamente a pedido – e um assessor comandariam o eventual esquema em que assistentes nomeados a pedido de Protetora Carol Dedonatti devolveriam parte dos salários. Foram apreendidos celulares, eletrônicos, documentos e R$ 4 mil.

“Tudo pela causa”

O nome da operação, “Tudo pela causa”, faz referência à principal bandeira da vereadora no Legislativo, que é a proteção aos animais, explicou o promotor. A investigação, até o momento, aponta supostos crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro, enfatizou Tiago Lisboa Mendonça, os quais poderão resultar, na sequência do caso, em improbidade administrativa.

“Foram feitas diversas diligências no curso da investigação, e vários sigilos foram ou estão sendo quebrados. O próximo passo será a perícia do material apreendido nas buscas e sua análise”, reportou o promotor em entrevista coletiva. “O GAECO está atento a essa prática nefasta e seguirá investigando todas as denúncias que nos chegarem”, garantiu Tiago Lisboa.

O coordenador das investigações disse ser coincidência o momento das buscas, considerando que Protetora Carol Dedonatti é candidata a deputada estadual. “Foi por conta da data que recebemos a denúncia e que a investigação estava madura para as medidas de busca e apreensão, e o juiz considerou que eram cabíveis”, pontuou.

Ações no Legislativo ocorrem nos gabinetes da parlamentar e de um assessor – Foto: Yassine Ahmad Hijazi

Outro lado

A defesa da vereadora emitiu nota afirmando que as buscas e apreensões se basearam em “acusações falsas de opositores”. Para ela, o objetivo dos adversários seria “atingir a sua carreira política, danificar sua imagem e campanha eleitoral”, declarou o advogado de Carol Dedonatti, em seu nome.

O documento prossegue argumentando que a edil já havia se colocado à disposição do GAECO em maio, para “restabelecer a verdade dos fatos, deturpada” por seus detratores junto ao órgão do Ministério Público. Conclui dizendo ter sido a operação “desproporcional” e que provará a sua inocência.

Já a Câmara de Vereadores se pronunciou esclarecendo que “recebeu a presença de policiais apenas para verificar o gabinete de uma vereadora específica”. De acordo com a Casa de Leis, “a investigação não possui relação com o andamento dos trabalhos legislativos e, desde já, reitera o compromisso com a transparência pública e de total colaboração com o órgão investigativo”.

Ingerência política na Diba

Segundo o promotor Tiago Lisboa, o GAECO também apura possível ingerência política da vereadora na Diretoria de Bem-Estar Animal (Diba), órgão da prefeitura criado no ano passado. “Porque há uma conexão entre a bandeira que ela [Protetora Carol Dedonatti] utiliza e essa diretoria”, frisou, inclusive podendo ser ela a responsável por nomeações na diretoria.

Questionado na entrevista se a apuração atingira o primeiro escalão da administração municipal, o promotor falou que não se chegou a essa fase, mas nada está descartado. “Se ficar constatado, de forma contundente, de que a criação dessa diretoria foi para atender a vereadora, em desvio de finalidade, é possível que haja um ato de improbidade administrativa”, ressaltou.

Nota oficial

Em nota, a prefeitura afirma que a administração municipal está à disposição para prestar esclarecimentos necessários ao GAECO. Diz que “caso seja constatada qualquer irregularidade, será instaurado imediatamente procedimento administrativo para averiguação e correta aplicação da lei”, lê-se do documento.

Reporta a administração que a Diba foi criada em fevereiro de 2021 e alterada em fevereiro de 2022, vinculando-a à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Comercial, Industrial e Agropecuária. “A prefeitura ressalta que o apoio à causa animal estava presente no plano de governo da atual gestão”, consta na nota.

O orçamento da Diretoria de Bem-Estar Animal, expõe a gestão municipal, “é composto, quase que em sua integralidade, por emendas impositivas propostas pelo poder legislativo, que são de execução obrigatória”. E completa: “Esses recursos são utilizados para as ações da diretoria, dentro da legalidade, e com aprovação do Conselho Municipal de Proteção Animal.”

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