Lágrimas no silêncio

Waldson de Almeida Dias, servidor público municipal, fala sobre crianças vítimas de tráfico humano.

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 Waldson de Almeida Dias – OPINIÃO

VÍDEO: O que sabemos sobre nós mesmos? Assista à nova história da série Vidas do Iguaçu.

TRÁFICO HUMANO É CRIME! PEDOFILIA É CRIME! Contra fatos não existem argumentos! Entre a disputa ignorante, assassina e totalmente desnecessária que acontece no planeta Terra nos dias de hoje, entre direita e esquerda, existe a verdade! E a verdade é quem mais tem sofrido, vítima que produz vítimas em larga escala.

Na semana que passou entrou em cartaz nos cinemas brasileiros um filme que está gerando polêmicas, principalmente nos Estados Unidos, entre direita e esquerda. O filme se chama “Sound of Freedom”, em português, “Som da Liberdade”.

Entre a disputa nociva propiciada pela direita e a esquerda, se encontra a verdade, que tal como as crianças são as vítimas no filme e na vida.

O filme é uma produção estadunidense com financiamento mexicano. O filme é baseado em uma história real. Dirigido por Alejandro Monteverde, com duração de 131 minutos, tem no papel principal o ator Jim Caviezel, que interpreta o ex-agente das Forças de Segurança Nacional Estadunidense, que no ano de 2013, esteve à frente da “Operation Underground Railroad”, “Operação Ferrovia Subterrânea”, cujo objetivo era resgatar crianças vítimas de tráfico humano em poder de rede de exploração sexual.

O filme retrata um dos maiores e mais odiosos crimes contra a humanidade que ano a ano faz milhares de vítimas em todo planeta, que se trata do tráfico de pessoas, neste caso, crianças que são vítimas da exploração sexual infantil, pedofilia. O filme mostra como tudo acontece, desde o rapto de crianças nos mais variados locais e cidades da América Latina, se usando de todos os tipos de estratégias, até mesmo se passando por falsos agentes de modelos infantis, método que ilude as famílias pobres na esperança que seus filhos e filhas vão se tornar famosos e com isso gerar renda para familia.

As falsas agentes de modelos, geralmente mulheres muito bem produzidas induzem as próprias crianças que podem ser modelo, tal qual a Barbie, a boneca que conhecem e não possuem e se tornam vítimas fáceis das organizações criminosas que as raptam e vendem para o comércio sexual.

Aqui na província não ficamos distante destes fatos. Habitamos em uma região de fronteira trinacional onde pessoas de três países circulam diariamente. recentemente um estudante de psicologia foi preso, suspeito de usar jogos on line para cometer abusos sexuais contra mais de 200 crianças, conforme foi noticiado na época, mês de agosto de 2023. De maneira on line os pedófilos atraem as crianças, meninos e meninas, cometem os crimes de estupro virtual de vulnerável. O perigo mora no celular que entregamos as nossas crianças para manterem elas ocupadas enquanto perdemos nosso tempo com besteiras. Cada vez mais devemos observar o que nossas crianças acessam na internet. Faz pensar, não é?

O filme, mesmo com um orçamento de 14,5 milhões de dólares, considerado baixo para uma produção cinematográfica, somente nos Estados Unidos já arrecadou mais de 180 milhões de dólares. Ultrapassando os grandes lançamentos cinematográficos do ano, tais como “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” e “Missão: Impossível – Acerto de contas – Parte I”. Isso se deve ao sistema de doações de ingressos que a distribuidora do filme adotou, no final da película, impactado com tudo que se viu, somos chamados a popularizar o filme efetuando doações de ingressos a pessoas que não poder pagar e ou mesmo presenteando alguém, cujo o objetivo segundo eles, os produtores é que mais pessoas saibam sobre este crime hediondo e possam se precaver. Avisam ainda que nunca na história da humanidade se teve tanto ser humano escravizado! Achei isso óbvio, uma vez que nunca na história da humanidade tivemos uma população humana tão grande.

A escravidão humana é um fato que acontece todos os dias no planeta. Um assunto que talvez o filme popularize no sentido de conscientizar que esse fato existe. A fotografa humanitária e muitas vezes premiada, Lisa Kristine, tem um documentário no TED – Technology, Entertainment, Design – Ideias que merecem ser disseminadas, que mostra fotos que a própria Lisa fez em situações extremamente adversas que relatam o que se chama de “Escravidão Moderna”. As imagens são belíssimas a dor das pessoas retratadas nem tanto. Imagens que ao serem explicadas na voz de Lisa retratam a dor de mineiros em trabalho escravo no Congo; de trabalhadores em olarias no Nepal cujo calor a que são submetidos é tão alto que afetou as lentes da máquina fotográfica de Lisa. Uma situação que à época, 2012, chegava ao número de 27 milhões de seres humanos escravizados por outros seres ditos humanos que habitam em nosso planeta.

Neste mesmo “TED”, que eu recomendo a todos acessarem, tem o documentário do ativista humanitário Kevin Bales, “Como combater a escravidão moderna”, onde ele mostra imagens de trabalhadores agrícolas escravizados em África sendo açoitados e alerta que a escravidão moderna está presente em lugares tal qual o Brasil, cujo objetivo é escravizar pessoas para destruir o meio ambiente, espalhando mercúrio, destruindo arvores cometendo além do crime de escravidão um crime econômico.  

Eu não sei quantas pessoas no mundo não sabem que existe a Escravidão Moderna, nesse sentido o filme “Som da Liberdade” vem contribuir para que mais pessoas saibam e ele tem um lado religioso, quando no filme afirmam que os filhos de Deus não estão a venda, mas não especificam filhos de que Deus. Os negros escravizados tinham seus Deuses e mesmo assim foram escravizados em nome de um Deus “maior”, um Deus Branco, loiro e de olhos azuis que nasceu em uma terra onde a cor de pele de seus habitantes era escura. Dizem que foi seu primeiro milagre! Sim, é ironia minha afirmação! Se não gostou sinto muito, mas contra fatos não existem argumentos.

Eu recomendo que o filme seja assistido, pois entre as opiniões contraditórias de direita e esquerda, existem as crianças, existe a pedofilia, existe a escravidão que deve ser conhecida e divulgada para que mais e mais pessoas possam saber de sua existência e lutar para que isso acabe. O que achei mais triste no filme e sei que deve estar acontecendo nesse momento em algum lugar do planeta, foi o fato de caírem silenciosamente lágrimas das crianças que são estupradas, uma, duas, três ou mais vezes por dia em troca de seus “senhores” ganharem dinheiro.

“Eu quero uma sociedade livre do tráfico humano!”  (Anuradha Koirala)

Lágrimas de silêncio! Um silêncio que somente as vítimas escutam; um silêncio que é milhares de vezes mais ensurdecedor do que o “som da Liberdade”, produzido pelas crianças libertadas ao cantarem diante da liberdade que chega de repente. Um som passageiro, que logo será suplantado pelas lágrimas no silêncio que as vítimas do estupro, crianças, vertem para sempre em seus interiores.

Tal como diz a diplomata estadunidense, Condoleezza Rice, Derrotara o tráfico de seres humanos é uma grande chamada moral do nosso tempo”, diante disso e por isso o filme merece ser assistido, pensado, comentado e sempre que possível ficarmos atentos para qualquer manifestação que seja suspeita de pedofilia, pois os pedófilos são os que alimentam as redes de escravidão de crianças. O filme, independente de direita e esquerda estarem contra ou a favor, toca em assunto de vital importância nos dias de hoje, pois derrotar esse crime hediondo é um dever de todos nós.

Waldson de Almeida Dias é servidor público municipal em Foz do Iguaçu.


Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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