Moradoras relatam o dia a dia na ocupação do Portal da Foz

Chamada Vila União da Paz, cerca de 600 pessoas vivem na área, em condições precárias.

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Chamada Vila União da Paz, cerca de 600 pessoas vivem na área, em condições precárias.

Aos 32 anos, Leila Moraes da Silva cuida sozinha dos quatro filhos – Leandro, de 3 anos; Brayan, com 6; Carlos Henrique, de 11; e o adolescente Luiz Eduardo, de 14 anos – em uma casa de 3m x 5m na Vila União da Paz. Essa é uma das 117 famílias que vivem na ocupação localizada entre o Distrito Industrial e a BR-277.

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Grávida de sete meses da Maria Clara, Leila não pode trabalhar fora de casa para cuidar dos filhos – e mantém a família basicamente com o dinheiro do Bolsa Família, em torno de R$ 400, e uma pensão de R$ 200, além da ajuda de familiares e amigos. Antes de vir para a ocupação, pagava R$ 450 por uma casa alugada no bairro Pilar Campestre, ao norte da BR-277.

Leila, que está grávida, diz que não tem para onde ir com os quatro filhos – Foto: Marcos Labanca

“Sempre a gente consegue uma doação, e a minha mãe me ajuda quando pode”, revela. Mesmo com todas as dificuldades, Leila diz ser feliz na ocupação. Segundo ela, os vizinhos se ajudam muito. Sua vontade é a de que a área seja regularizada. “A Justiça não entende, acha que invadimos por acaso. Sair daqui, nem pensar. Ir para onde? Debaixo da ponte? Não tenho para onde ir”, frisa ao H2FOZ.

“Somos humanos”

Kátia da Silva Santana, 43 anos, recolhe reciclados para sustentar a família. Com ela, moram os filhos Artur, de 2 anos e 8 meses; Guilherme, de 9 anos; e Alexandra, com 13. Ela diz ter vizinhos “maravilhosamente bons”, que a ajudam no cuidado das crianças quando é necessário.

Instalação de água e luz, melhorias nas ruas e a definição sobre a área são as suas demandas. “Quero que o prefeito dê uma olhada por nós, queremos legalizar as nossas casas”, sublinha. Antes de morar na ocupação, pagava R$ 600 de aluguel em uma casa perto da Avenida Mário Filho, na região do Morumbi.

“Somos humanos. A gente precisa de estrutura e de uma assistência”, enfatiza. “Acredito que vamos conseguir regularizar [a ocupação] e permanecer aqui, lugar que gostamos de morar. A esperança é a última que morre. E a minha não morreu”, relata Kátia.

“A minha esperança não morreu”, relata Kátia – Foto: Marcos Labanca

Pedido de ajuda

A casa de Sheila Piva Passalli está pela metade. Vendedora de balas em semáforos como o da Praça da Bíblia, no Jardim São Paulo, vive em um barraco emprestado e pede ajuda para terminar a sua moradia na Vila União da Paz. Antes da ocupação, despendia R$ 600 de aluguel em uma casa para viver com os dois filhos: Miguel e Matheus, de 3 e 4 anos.

Sheila pede ajuda para terminar sua moradia – Foto: Marcos Labanca

Ela informa que as coisas pioraram com o fim do auxílio emergencial, uma compensação econômica do governo devido aos efeitos da pandemia de covid-19. O benefício vigorou até dezembro do ano passado. “Eu tiro na venda de balas o que é preciso para os meus filhos. Não deixo nada faltar para eles”, ressalta Sheila, que tem 38 anos e é beneficiária do Bolsa Família.

A vendedora menciona gostar de morar na ocupação porque todo mundo se conhece. Ela reclama do lamaçal nos dias de chuva, mas quer que a área seja regularizada. Acreditando nisso, pede a ajuda da população para a doação de materiais de construção visando a concluir sua moradia. São necessários, segundo ela, tijolos, cimento, areia, telhas, madeira e outros itens.

Quem quiser colaborar para o término da casa da Sheila pode entrar em contato pelo telefone e WhatsApp (45) 8811-1224.

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