Peso, real ou dólar. O que usar na Argentina?

Com as recentes mudanças econômicas, o turista brasileiro fica na dúvida quando pensa em viajar para o país vizinho.

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As paisagens espetaculares de Salta, Jujuy e Bariloche, as Cataratas, na fronteira com o Brasil, e a charmosa Buenos Aires são alguns dos muitos destinos que atraem brasileiros. Sujeitos às oscilações da moeda, muitos ficam confusos na hora de planejar a viagem.

Sabendo disso, o H2FOZ percorreu as ruas de Puerto Iguazú, cidade vizinha a Foz do Iguaçu, e entrevistou comerciantes e turistas para saber como é circular pela Argentina nesta época de turbulência econômica.

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Diferentes moedas

Em geral, os próprios comerciantes estabelecem regras e moedas que são aceitas na hora de receber os pagamentos. Em algumas lojas, tanto de Puerto Iguazú como de Bariloche, por exemplo, aceita-se peso, real e dólar.

No entanto, cabe ao turista avaliar qual é a melhor opção em razão da oscilação cambial. Muitas vezes, os comerciantes recebem o real, mas na conversão para o peso o consumidor acaba perdendo, porque o câmbio da loja pode ser bem mais baixo em relação ao oficial.  

Jornalista de São Paulo, Marcelo Cardoso, 55 anos, circulou recentemente por Puerto Iguazú e Bariloche. Ele recomenda aos turistas viajarem com real, dólar e peso, além de cartões.

Com o cartão internacional de débito, bastante usado por brasileiros no exterior, é possível fazer pagamentos em dólar com taxas de IOF menores que as aplicadas no cartão de crédito – cerca de 1,1%. Nesse caso, a conversão do dólar é a do dia e pode ser acompanhada via apps. Entretanto, não é todo tipo de estabelecimento comercial que aceita esse cartão.

Em Puerto Iguazú pagamentos em pix são aceitos com facilidade. Foto: Marcos Labanca/H2Foz


Já os cartões de crédito do Brasil têm boa entrada no comércio. Contudo é preciso lembrar que a alíquota do IOF é de 4,38%. Segundo Cardoso, se a conta for pequena, vale a pena pagar com cartão de crédito brasileiro, apesar da taxação. “Se o turista brasileiro não for preparado com uma carteira de moedas, ou seja, dinheiro em espécie ou cartões, ele acaba tendo problema”, diz.

Quando se trata de comprar ingressos para os atrativos, muitas vezes não é possível usar cartões. No Parque Nacional del Iguazú, em Puerto Iguazú, o pagamento só pode ser feito com dinheiro em espécie.

Em alguns locais de Bariloche, os passeios precisam ser pagos em dinheiro, porque não há linhas de Wi-Fi para cartões.

Outro ponto importante é o horário de funcionamento das casas de câmbio. Em Bariloche, conforme Cardoso, os estabelecimentos abrem às 9h e fecham às 15h.

A outra opção é trocar dinheiro nas ruas, porém o câmbio em geral é desfavorável ao turista. Cambistas anunciam nas ruas a troca de moedas, e alguns até mesmo aceitam PIX na transação.

Em Puerto Iguazú, na fronteira, também é bastante comum pagar as contas em PIX. Muitos restaurantes da cidade já aderiram à modalidade. A transferência é feita do mesmo modo que no Brasil, direcionando o valor para uma conta.

Destino vale a pena

Para Cardoso, a Argentina ainda é um destino que compensa aos brasileiros. Ele considera os passeios turísticos caros, principalmente em Bariloche, no entanto o preço dos pratos nos restaurantes, dos vinhos, dos chocolates, das roupas e dos medicamentos em farmácias ainda cabe no bolso de quem é do Brasil. 

A mesma opinião tem Sueli Macedo, 72 anos, e Edson Macedo, 73 anos, ambos da capital paulista. Para eles, os restaurantes de Puerto Iguazú estão bem em conta. O casal gastou o equivalente a R$ 100 por pessoa, considerando um prato com carne acompanhado por vinho em restaurante de bom padrão.

A mesma refeição em São Paulo sairia o dobro. “Em São Paulo, não comeríamos por menos de R$ 400”, revela Sueli. O casal informa que já esteve em várias oportunidades na fronteira e que a Argentina ainda é um destino favorável aos brasileiros.

Sueli Macedo e Edson Macedo ainda consideram os preços da Argentinas favoráveis aos brasileiros. Foto: Marcos Labanca/H2Foz

Opinião contrária tem Ivanir Gasparin, 50 anos, de Joinville (SC), e Jair Andrade, 70 anos, de Curitiba. De acordo com eles, muitos produtos argentinos deixaram de compensar, a exemplo de azeite e vinho. Gasparin, que já esteve várias vezes na fronteira, menciona ter pagado R$ 7,20 no litro da gasolina e acha o vinho caro. “Das outras vezes que vínhamos, o carro voltava lotado”, frisa.

Dólar forte

Usar dólar é uma boa opção para quem viaja à Argentina. A cotação da moeda norte-americana vem crescendo quase diariamente, e nas casas de câmbio há opção do dólar turismo, que tem mais valor se comparado aos vendidos nas ruas, por cambistas. Nesta semana, a moeda norte-americana subiu quase 30 centavos por dia. Para adquirir o dólar turismo é preciso procurar uma casa de câmbio e apresentar passaporte ou identidade.

Dólar ainda é moeda fortee na Argentina. Foto: Marcos Labanca/H2Foz


Professora do curso de Ciências Econômicas e da Pós-Graduação em Economia da Unila, Virgínia Laura Fernandez realça ser interessante levar dólar em espécie e trocá-lo nas casas de câmbio quando for necessário utilizá-lo.

Outra opção conveniente, orienta a docente, é pagar no cartão de crédito com cotização de dólar turismo, que é superior ao dólar oficial. Nessa última opção, é preciso pagar o IOF.

Ainda segundo a professora, há expectativa de uma nova desvalorização do peso, reforçada pela própria incerteza do debate parlamentar. 

Máquinas de contar dinheiro

Máquinas de contar cédulas se tornaram algo comum na Argentina. Com o peso desvalorizado, a quantidade de notas para pagar contas passou a ser grande.

Em Puerto Iguazú e Bariloche, alguns estabelecimentos usam as máquinas com a finalidade de obter mais rapidez no atendimento ao turista. Quando não existem tais dispositivos, é preciso paciência, porque há muita demora na hora de acertar as contas.

“O turista tem que ir com paciência pagar a conta. A maior cédula deles é dois mil pesos, o que não dá para comprar quase nada. Por isso é bom levar diferentes moedas”, ressalta Cardoso.

Outra dificuldade do turista é na hora de carregar o volume de dinheiro. Às vezes é preciso recorrer a pequenas mochilas para acomodar tanta nota.

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