O resíduo nosso de cada dia

Sem uma ação real de Educação Ambiental, resíduos das ruas vão parar nos rios, através das galerias pluviais.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

A conservação de uma cidade diz muito sobre seu povo e a administração pública. Uma parte do cuidado, do exemplo, precisa vir de cima, do gestor. A outra parte, da população. Mas se nem um e nem outro se importa com os problemas ocasionados, fica até difícil de cobrar uma solução. Como no caso dos bueiros das cidades.

Eles passam muitas vezes despercebidos e quando notados ocorre em virtude dos alagamentos, de algum animal preso no mesmo ou porque são usados como lixeiras.

Os bueiros, que dão acesso às galerias pluviais são a conexão entre as cidades e os rios. E se, assim como diz a música, todo rio corre para o mar, significa que estamos impactando áreas muito mais remotas que imaginamos. Já falei sobre essa conexão dos bueiros e o mar assim como o problema do lixo, mas sempre há um outro aspecto que precisamos lembrar.

O lixo, proveniente de resíduo industrial é altamente poluente para o meio ambiente. Além de contaminar por centenas de anos, há o agravante de os animais o confundirem com comida e também ficarem presos a eles. Ainda tem o aspecto visual. Quem gosta de um cenário com lixo?

Se a cidade investe em Educação Ambiental e orienta sua comunidade sobre a importância do destino correto dos resíduos, explicando que bueiro não é lixeira, com o tempo os resultados surgem. Mas ainda que parte da comunidade colaborasse, há que se pensar nos outros sujões. Pensar  e tomar medidas preventivas.

Muitas cidades já adotam os denominados bocas-de-lobo inteligente. A ideia é simples e resolve boa parte do problema. Ela é uma espécie de gaiola, que fica acoplada no espaço da boca de lobo ou bueiro. O lixo fica retido nesse compartimento e o separa da água, que segue para as galerias.

Mas há que se pensar no material a ser usado, e em dificultar seu roubo, ainda mais quando for feito de metal que possa ser revendido.

Outro mecanismo de fácil instalação e bons resultados, são as grades colocadas nas entradas dos bueiros. Elas seguram o material que iria entupir as galerias e quando isso ocorre, é muito mais fácil de fazer a retirada. Não são tão eficazes quanto as gaiolas, porque neste caso os pequenos resíduos cairão nas galerias.

Mas a impressão é que esse tipo de problema não passa pela mente dos gestores e tampouco pela comunidade. Fala-se muito em preservação do meio ambiente, mas as conexões são pouco realizadas. O que é muito óbvio para quem entende o mínimo sobre o impacto ambiental não ocorre da mesma forma para o cidadão ‘comum’.

É preciso ensinar o básico para a comunidade e cobrar que isso seja praticado. De outro modo, o gestor precisa fazer sua parte. Até porque ainda tem um outro agravante, pois as cidades aumentam a malha urbana, o índice populacional, mas dificilmente as galerias são adequadas para tais demandas.

Quando um gestor terceiriza uma equipe para desentupir o bueiro, ela faz todo o serviço, mas não são tomadas medidas preventivas para que o retrabalho aconteça, estamos mandando nosso dinheiro e o equilíbrio ambiental pelo ralo abaixo.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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