Carrocinha X Castrapet

A castração dos animais, através de programas governamentais, é um salto significativo, se compararmos com a famigerada ‘carrocinha’.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Era o ano de 1992 e Cianorte ficou conhecida por matar cachorro na Câmara de Gás improvisada. De lá pra cá, muita coisa mudou. São diversos os casos de prefeitos, em todo o Brasil, que respondem na Justiça por maus tratos a animais. Sempre me pergunto: como seria hoje, se daquele ano de 1992 em diante, fosse adotada a castração dos animais? Há 30 anos se se falasse em investir mais de 10 milhões de reais em animais, quem seria castrado seria o autor da proposta. Seria linchado. Onde já se viu? Mas, felizmente, os tempos mudaram! E o Castrapet é um exemplo a ser copiado!

Jornal de 19 de março de 1992, que estampou na capa a notícia da câmara de gás em Cianorte, para exterminar os cachorros. Foto: Aida Franco de Lima
1992Matéria completa, sobre a câmara de gás em Cianorte, em 1992. Foto: Aida Franco de Lima

O Castrapet Paraná é um Programa Permanente de Esterilização de Cães e Gatos e tem se revelado um sucesso desde sua primeira edição. Pode ser considerado uma espécie de radar, nas cidades onde tem sido aplicado. Ele detecta uma quantidade expressiva de tutores que buscam a castração dos animais que cuidam em casa, que dão lar temporário ou são animais comunitários. “Em outubro e novembro, o Castra Pet Paraná estará em Foz do Iguaçu para fazer cerca de 1.080 castrações, que contemplarão os já inscritos junto ao Município”, informa o site da Prefeitura.

Animal tranquilo, sem estresse, esperando para ser castrado em uma das ações do Castrapet. Foto: Aida Franco de Lima

Com meta de atender, até o final de 2022, 60% dos municípios paranaenses o Castrapet está em seu terceiro ciclo. No primeiro, foram 553 castrações liberadas para Foz. A fonte dos recursos é através de emendas parlamentares e Fundo Estadual do Meio Ambiente. Ou seja. Esse dinheiro sempre existiu, porém, precisava ser canalizado para essa finalidade. A listagem completa das cidades atendidas e seus respectivos números estão aqui.

O primeiro ciclo atendeu mais de 15 mil animais em 45 municípios, com investimento de cerca de R$ 2,4 milhões; No segundo ciclo, que se iniciou em junho de 2021, foram investidos cerca de R$ 2,7 milhões, para beneficiar 79 municípios com a castração de pouco mais de 12 mil animais. Para o terceiro ciclo serão contemplados 219 municípios, com investimento de cerca de R$ 10,7 milhões.

Castrar animais é um ato de amor. É uma ação que deve ser incentivada por aqueles que os amam, para que não sofram, não procriem. E, talvez até mesmo ‘principalmente’ por aqueles que os detestam, assim terão ainda menos animais para lhes incomodar. Sim, afinal não é todo mundo que acha fofo um animal bonito ou tem compaixão por aqueles em sofrimento. Tem pessoas que não se importam, que ignoram, sentem repulsa, ou pior, sentem prazer em maltratar. E isso é coisa de psicopatia, que eu tratei aqui.

Uma ótima ideia para transportar gatos, experts em fugas.
Foto: Aida Franco de Lima

Os municípios devem ser cobrados a fim de que criem políticas públicas locais, em prática permanente, com projetos similares. O Castrapet não deve ser a única opção para quem deseja castrar o animal sob sua guarda. Deve ser mais uma delas! Fale com o vereador, prefeito, secretário, deputado. Lute por programas que atendam essa população que não tem acesso a clínicas particulares.

O Programa está no contexto da Saúde Única, que relaciona a saúde ambiental, animal e humana, conscientizando a população sobre a importância da castração na saúde dos animais, na prevenção de abandono (evitando ninhadas indesejáveis) e quanto à importância da vacinação, vermifugação e visitas periódicas ao veterinário, bem como dicas de guarda responsável.

FAÇA CHUVA OU SOL

Tutora improvisou saco usado para sementes, para transportar gato a ser castrado
Sem caixa de transporte, a tutora utilizou um saco usado para armazenar grãos para levar o gatinho no Castrapet. No colo da tutora, ele ficou tranquilo o tempo todo.
Foto: Aida Franco de Lima

Não importa a cidade, os relatos são sempre similares, de pessoas que tratam os animais como suas joias preciosas. As pessoas levam os animais como podem, de carro, bicicleta, moto ou à pé. Os abrigam em gaiolas, caixas, adaptam cestos de roupa, levam em cobertores, coleiras ou mesmo em embalagens variadas, como sacola ou sacos usados para armazenar grãos. Aquele ditado: “quem quer, dá um jeito”, é muito válido.

Muitos tutores ficam bastante aflitos, pois uma cirurgia sempre pode significar algum risco, por mínimo que seja. E no momento que estão prestes a recebem os animais já operados, parece mesmo que estão em uma maternidade aguardando o nascimento dos filhos. E quando os pegam nos braços, os sorrisos brotam nos rostos.

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