
Apesar de ser uma exigência para os cursos ligados à saúde, a maioria das instituições evita passar pelo filtro da Agência Nacional de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (Aneaes).
E o pior é que a maioria dos cursos de Medicina que não têm o selo de qualidade dessa entidade são oferecidos por instituições de ensino localizadas na fronteira do Paraguai com o Brasil, principalmente em Ciudad del Este e Pedro Juan Caballero.
Os cursos funcionam porque – a grande maioria – têm a autorização do Conselho Nacional de Ensino Superior (Cones), uma das exigências estabelecidas pelo Ministério de Educação do Paraguai.
Mas a Aneaes é o órgão que avalia a qualidade e a estrutura de ensino. Quer dizer, não basta ter autorização para funcionar, é preciso saber o que oferece aos estudantes.
O presidente da Aneaes, Raúl Aguillera, atribui o descaso das instituições de ensino: "ou (as universidades) ainda não têm um primeiro grupo de formandos ou estão simplesmente se esquecendo de se submeter aos parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior".
Só 13
Segundo os dados atualizados do cadastro do Cones, existem pelo menos 37 cursos de Medicina no Paraguai, ofertados por 21 universidades públicas e privadas.
Desse total, apenas 13 conseguiram o selo de qualidade concedido pela Aneaes. E oito estão em processo de avaliação ou em vias de ser credenciadas, o que deve acontecer este ano ou no próximo semestre, segundo Aguillera.
Para ele, é preocupante que pelo menos metade das carreiras médicas oferecidas no país ainda não tenham sido submetidas a esse órgão para avaliação.
“É um fato alarmante que apenas 13 das mais de 30 ofertas tenham credenciamento. E isso causa muita tristeza e preocupação, ao mesmo tempo. Chamadas sucessivas são feitas (a essas faculdades)".
A agência, disse Aguillera, não tem força coercitiva para exigir que as universidades inscrevam seus cursos de Medicina para avaliação. Isso cabe ao Cones, que, por sua vez, pode intervir nessas instituições caso não se apresentem para uma segunda convocação, após a primeira turma de formandos.
Desinteresse ou sem requisitos
"Podemos deduzir que os cursos que aparecem no cadastro (do Cones) não foram registrados porque não querem ou rejeitam o credenciamento ou, ainda, porque não atendem aos requisitos básicos de ter equipes internas de verificação”, afirmou.
Segundo o site da Aneaes, conforme quadros preparados pelo jornal Última Hora, dos 13 cursos de Medicina com selo de qualidade, não há nenhum de Ciudad del Este (há dois de Pedro Juan Caballero e um de Guairá).
O curso da Universidade Privada del Este, de Presidente Franco, não é acreditado, enquanto o da Universidad Inernacional Tres Fronteras (Uninter) está em processo de análise. A Universidad Politécnica y Artística del Paraguay, de Ciudad del Este, submeteu-se este à acreditação.
Ciudad del Este
Pra ficar só aqui na nossa fronteira, das 15 instituições que nunca se submeteram à avaliação da Aneaes, três são de Ciudad del Este: Universidad de Integraciópn de las Américas (Unida); Universidad María Serrana; e Universidad Privada del Este (UPE).
Já a Universidade Internacional das Três Fronteiras (Uninter) atua graças a liminar judicial, porque entrou com ação contra uma resolução do Conselho Nacional de Educação Superior (Cones).
Leia a matéria do Última Hora sobre esse assunto, com os quadros que mostram a situação de cada curso de Medicina em relação à acreditação:
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