Frio e chuva. Mas pouca. Rios Iguaçu e Paraná vivem “baixa” histórica

Um filete de água escorre pelas Cataratas. O Paranazão, na Argentina e Paraguai, teve o abril mais seco desde 1901.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

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O friozinho já chegou. Pela manhã, a mínima, em Foz do Iguaçu, foi de 12 graus. A máxima não deve passar de 25, 27 ou 28 graus (depende do serviço de meteorologia que você consultar).

E a chuva? Chega na terça, 5. Em bom volume, segundo o Climatempo (40mm). Nem tanto, asseguram os serviços de meteorologia Simepar e CPTEC/Inpe. Para o Simepar, serão apenas 5,1 mm. O CPTEC/Inpe não aponta o índice, só que serão "pancadas de chuva".

E o Instituto Nacional de Meteorologia nem isso. Tempo bom (ou ruim, depende do ponto de vista) até sexta, 8. Pra frente, o serviço não faz previsões.

Quanto ao friozinho, todos de acordo. Mínima de 10 na quarta, 6, e depois queda para 5, 6 ou 7 graus nos dias seguintes. Ou 10 graus, segundo o Inmet.

O fantástico amanhecer em Foz do Iguaçu, nesta segunda, já com frio e antecipando a chuva. Foto Patrícia Iunovich

O problema é a seca

Mas frio a gente aguenta. Agora, com os rios Iguaçu e Paraná cada vez mais secos, a expectativa geral é em relação às chuvas, que não caem de forma normal, no Paraná, desde o ano passado.

Em 2019, em todo o Oeste paranaense, choveu 500 milímetros menos do que na comparação com os anos anteriores. E 2020, ano da peste do coronavírus, segue na mesma linha.

A cooperativa Coopavel registrou em sua área de monitoramento, segundo a Agência Estadual de Notícias, o acumulado de 377 milímetros nos primeiros quatroa meses deste ano. É o menor volume registrado desde 2004.

E não há previsão de normalizar o regime de chuvas, problema não só do Oeste, mas de todo o Paraná. A previsão para Curitiba e região, onde o Rio Iguaçu recebe água de afluentes importantes, é de chuva (e pouca) só na quarta-feira, 6.

Não é à toa que a vazão nas Cataratas do Iguaçu, nesta segunda-feira, 4, seja de apenas 345 metros cúbicos por segundo (m³/s), medida pela Copel às 7h. O normal, nos últimos 25 anos, é uma média de 1.600 m³/s.

Situação rara é de os dois principais rios que cortam o Paraná estarem em situação semelhante. O nível do Rio Paraná na Ponte da Amizade está hoje na cota 94,23 metros acima do nível do mar, ainda mais baixo do que o registrado no domingo (95,75).

Para amanhã, terça, previsão é de que a cota oscile entre 95,05 e 96,80 metros. O rio, naquele trecho, tem normalmente um nível acima de 100 metros.

Como recebe pouca água do Iguaçu, o Paranazão, lá pelos lados da Argentina, continua numa "baixa extraordinária", como informa o Instituto Nacional de Água (INA) argentino, segundo reportagem do site R820.

O Rio Iguaçu, diz o INA, atravessa "uma seca muito significativa e persistente, com os valores mais baixos registrados nesta época do ano, considerando os últimos 40 anos".

Em Puerto Iguazú, o nível do Rio Iguaçu oscila em torno de 6 metros, o que não era registrado desde 1969.

Na provícia argentina de Entre Rios, de acordo com o INA, ocorreram chuvas significativas na semana passada, algo em torno de 100mm. No entanto, a "leve recuperação" não conseguiu reverter a escassez hídrica. O trecho argentino-paraguaio do Rio Paraná enfrenta a pior seca desde dezembro de 1971. E, "considerando só o mês de abril, não há registros similares em toda a história desde 1901", informa o instituto argentino.

E o que é mais grave: tanto a montante (acima) do Rio Paraná e do reservatório de Itaipu, quanto a jusante (abaixo), não há previsão de chuvas importantes. Deve persistir o fenômeno de rios com pouca água. E a previsão é a mesma para o Rio Iguaçu: pouca ou nenhuma chuva à vista.

No Oeste

Captação do Rio Cascavel opera com auxílio do Lago Municipal . Foto Sanepar

Matéria distribuída pela Agência Estadual de Notícias informa que os rios do Oeste do Estado estão com níveis muito baixos. Em Cascavel, por exemplo, a queda é de mais de 30%, o que já prejudica o fornecimento de água à população. Depois de captar água do Lago Municipal, a Sanepar já estuda a implantação de rodízio no abastecimento.

O sinal de alerta vale também em Guaraniaçu e Céu Azul, que podem apresentar problemas para o fornecimento de água nos próximos dias. Além destas, as cidades de Santa Tereza do Oeste, Santa Lúcia, Lindoeste e Campo Bonito estão tendo complemento de água com caminhões-pipa para atender a demanda. O mesmo ocorre nos distritos de Ibiracema, em Catanduvas, e Santa Maria, em Santa Tereza do Oeste.

Sem previsões de chuvas significativas, a única alternativa é que todos economizem água. O uso deve ser priorizado para alimentação e higiene pessoal. Limpezas mais pesadas, lavagem de carros, calçadas e fachadas devem ser suspensas.

A gerente regional da Sanepar Rita Camana alerta que só com a colaboração de todos será possível vencer o difícil momento pelo qual passa o Paraná.

“A crise hídrica está dando sinal em todas as regiões do Estado. Se não economizarmos água poderemos enfrentar problemas mais sérios e não teremos o produto para atender as necessidades básicas das pessoas”, destaca.

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