Pelo menos 3 mil adolescentes e jovens aguardam vagas de trabalho aprendiz em Foz do Iguaçu

Atividade monitorada por entidades é forma de combater a exploração de adolescentes no crime e mercado de trabalho.

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Atividade monitorada por entidades é forma de combater a exploração de adolescentes no crime e mercado de trabalho.

Cerca de três mil adolescentes e jovens de 14 a 24 anos aguardam vagas de aprendizes em Foz do Iguaçu. São jovens que esperam uma oportunidade de trabalho para ajudar no orçamento familiar ou ganhar autonomia, evitando, muitas vezes, a sedução praticada por traficantes e contrabandistas que acabam atraindo meninas e meninos para a criminalidade e o trabalho infantil.

Conforme levantamento do Grupo de Trabalho (GT) Aprendizagem, Foz do Iguaçu tem atualmente cerca de 1.279 jovens aprendizes no mercado de trabalho. Esse total corresponde ao mínimo de vagas que precisam ser oferecidas pelas empresas, segundo a legislação. No entanto, há espaço para contratações, o que pode elevar o número de jovens no mercado para cerca de 3.600.


A inserção dos aprendizes é amparada pela Lei nº 10.097. Empresas com mais de sete funcionários precisam ter entre 5% e 15% de jovens no quadro de colaboradores.

Coordenadora do Grupo de Trabalho Aprendizagem – GT, em Foz do Iguaçu, a psicóloga Jéssica Aparecida de Oliveira diz que durante a pandemia houve redução de vagas, porém neste ano as contratações aumentaram. Contudo, para absorver a demanda é preciso que mais empresas ofertem vagas. “É um desafio para nós conscientizarmos as empresas a ampliarem as contratações”, afirma. O GT Aprendizagem reúne entidades e órgãos envolvidos na aprendizagem profissional em Foz do Iguaçu e região.

Presidente da Guarda Mirim de Foz do Iguaçu, instituição que capacita e coloca aprendizes no mercado de trabalho, Hélio Candido do Carmo informa que hoje a maioria das empresas cumpre a cota mínima exigida pela lei, de 5%, embora haja algumas com visão social e que contratam mais.

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Empresas que têm atividades perigosas ou insalubres, em vez de contratar os jovens, colaboram com a Guarda Mirim para manter os adolescentes na Oficina de Música. Os jovens que trabalham também fazem cursos de aprendizagem profissional nos dias em que não atuam nas empresas.

Já as empresas que não cumprem a cota mínima de 5% são multadas pelos auditores do trabalho. Conforme o Ministério do Trabalho e Previdência, nos últimos cinco anos, os auditores fiscais lavraram cerca de 2.250 autos de infração por descumprimento da cota. Em Foz, no mesmo período, foram aproximadamente 40 autos de infração.

Para serem contratados, os aprendizes precisam procurar instituições que fazem a intermediação trabalhista: o Sistema S, Centro de Aprendizagem e Formação (CAF), Guarda Miriam, Centro Empresa-Escola (CIEE) e Gerar.

Jovem aguarda vaga há mais de um ano

Eduardo Henrique de Abreu: após um ano esperando, foi chamado agora para entrevista – Foto: Marcos Labanca

Eduardo Henrique de Abreu tem 16 anos de idade e mora no Profilurb I. Em janeiro de 2021, ele se inscreveu na Guarda Mirim na tentativa de trabalhar. Passado mais de um ano, somente agora, no mês de maio, ele foi chamado por algumas empresas para fazer entrevista e aguarda o resultado.

O garoto cursa o Ensino Médio no Colégio Três Fronteiras e pretende trabalhar para ajudar no orçamento familiar, fazer poupança própria e adquirir experiência profissional. “Se eu adquirir experiência daqui para frente, posso arrumar um emprego melhor”, frisa.

Oportunidade dá novos horizontes a Maria Eduarda

Maria Eduarda Kovani conheceu muitos colegas que não conseguiam trabalho e queriam muito uma oportunidade – Foto: Marcos Labanca

Maria Eduarda Kovani tem 18 anos de idade. Atualmente ela atua como aprendiz na empresa Movie Cars, onde atende turistas e comercializa fotos.

Antes, quando tinha 15 anos, a jovem trabalhou em um hotel, no qual aprendeu espanhol e ganhou experiência no contato com turistas. Bastante satisfeita com as duas oportunidades, Maria Eduarda relata que aprimorou a capacidade de trabalhar em equipe e descobriu o gosto pelas áreas de administração e finanças, apesar de ter planos para fazer medicina. Ela conta que sempre teve muita vontade de trabalhar.

A jovem, que estudou em colégio público, conheceu muitos colegas que não conseguiam trabalho e queriam muito uma oportunidade. “Muitas empresas são negligentes. Precisamos cada vez mais da adesão das empresas para nossa causa”, ressalta.

A porta de entrada de Maria Eduarda nas empresas foi o Centro de Aprendizagem e Formação (CAF), programa social administrado pela Sociedade Civil Nossa Senhora Aparecida.

Organizações são responsáveis pela pré-aprendizagem

Curso de qualificação na Guarda Mirim- Foto Marcos Labanca

Algumas organizações da cidade são responsáveis pela qualificação dos jovens para a entrada no mercado de trabalho. O programa Trilha do Jovem, do Polo Iguassu, e o Vira-Vida ofertam cursos para qualificação de jovens.

O Trilha Jovem atualmente atende 300 adolescentes que fazem cursos nas áreas de marketing, administração, eventos, hospedagem, turismo & atendimento e comércio. As aulas são realizadas no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O programa acolhe jovens de 16 a 24 anos que precisam estar cursando ou ter concluído o Ensino Médio nos últimos dois anos. A renda familiar tem de ser até três salários mínimos.

Após a qualificação, busca-se a colocação dos jovens no mercado de trabalho com supervisão acompanhada durante 80 horas. Em 12 edições, o Trilha Jovem qualificou 1.675 adolescentes.

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