Falta de planejamento na saúde de Foz do Iguaçu compromete combate à epidemia da dengue

Professor do curso de Saúde Coletiva da Unila, Walfrido Svoboda avalia que é preciso ter profissionais de vários setores trabalhando em conjunto para vencer a doença.

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Foz do Iguaçu vive uma das piores epidemias de dengue da última década. São 30.155 notificações, 2.172 casos confirmados e cinco mortes, conforme o mais recente boletim, divulgado dia 11 de abril. A alta incidência da doença e a ocorrência de casos graves sobrecarregam o sistema público e privado de saúde, levando ao cancelamento de consultas e cirurgias não urgentes. Assista a entrevista em vídeo ao fim da matéria.

O quadro poderia ser evitado se o município trabalhasse com planejamento em saúde. Esse é um ponto crítico da cidade, diz Walfrido Svoboda, professor do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). “O grande nó crítico hoje de Foz do Iguaçu é a falta de planejamento estratégico situacional.”

Svoboda, também professor do Mestrado de Políticas Públicas e Desenvolvimento e do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, avalia que deve existir uma estrutura específica para fazer o planejamento na área da saúde em Foz. Atualmente, os setores de planejamento e gestão estão juntos. “A gestão está apagando incêndio, enquanto o planejamento tem que estar pensando.”

Quando há um trabalho de planejamento, os resultados são notórios. Exemplos podem ser vistos em alguns municípios brasileiros onde o Sistema Único de Saúde (SUS) funciona bem, frisa o professor, tais como: Curitiba, Niterói, Londrina, Campinas e Montes Claros. “Gasta-se o mesmo tanto ou até menos que Foz e tem saúde de altíssima qualidade”, pontua.

Resistência ao fumacê

Outro problema apontado pelo professor é o fumacê, veneno usado para combater o mosquito transmissor, Aedes aegypti, que foi erradicado na década de 1960 no Brasil, porém com o tempo criou resistência em razão do emprego de venenos à base de organoclorado e organofosforado, hoje proibidos por lei. “Não existe erradicar, tem como controlar.” Para ele, é preciso buscar alternativas, porque está havendo resistência aos princípios ativos do veneno.

Por isso é importante a aplicação contínua de medidas preventivas para combater o mosquito, principalmente evitar água parada em pneus ou em cascas de ovos jogados nos terrenos baldios. Também é preciso limpar diariamente potes de água de animais domésticos e não deixar água empoçada com lixo em lajes de residências, como é comum na cidade. “Aqui em Foz, teria que ser proibido casa de laje mesmo com escoamento. Isso é intersetorialidade.”

Svoboda também chama atenção para o grande número de obras abandonadas, que acumulam sujeira e lixo, atraindo mosquitos.

Veja a entrevista em vídeo.

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1 comentário
  1. Alexandre Diz

    Prefeitura de Foz e planejamento são expressões que não combinam. E isso ocorre há muitas gestões.

Comentários estão fechados.