
* Jonas Rodrigo dos Santos | OPINIÃO
Vírus e esgoto sempre estão juntos, mas será que o novo coronavírus também?
Primeiramente, vamos ao passado. Em 2003, na China, um tipo de vírus semelhante ao coronavírus causou uma epidemia chamada de SARS, que deixou apenas em um condomínio 319 mortos. Avaliações da Organização Mundial das Saúde (OMS) constataram irregularidade na rede hidráulica coletora de esgoto que liberou gotículas por meio das tubulações de ar do prédio.
De lá para cá, outros eventos de epidemia relacionadas ao saneamento ocorreram. Em em 2012 houve a epidemia de MERS, na Arábia Saudita, que deixou cerca de 900 mortos. Relatório da Royal Society of Chemistry divulgado três anos depois relatou presença de vírus no ciclo da água da cidade. O que resultou em um reforço nos sistemas de tratamento de esgoto e tratamento de água.
Mas e o novo coronavírus? Ele está presente no esgoto? A resposta é sim!
Estudos recentes apontaram que o novo coronavírus pode estar presente nos esgotos, pois é liberado através de fezes de pessoas contaminadas.
Ainda não há estudos que apontam por quanto tempo o vírus pode sobreviver no esgoto. Teoricamente, onde há redes coletoras e posterior tratamento, esses vírus são eliminados na desinfecção, que é a última fase do tratamento de esgoto. O problema nesse caso se encontra onde há irregularidades nas redes coletoras.
Além disso o que quero falar é sobre a parcela de 72% de esgoto que não é tratado no Brasil, ou seja, material que pode estar sendo lançado em rios não só o vírus da covid-19 mas também milhares de outros vírus, sem contar as bactérias patógenas.
Se você mora em locais que não possuem rede coletora de esgoto, que o esgoto corre a céu aberto, que possui fossa negra ou caipira, que lança diretamente o esgoto em um rio ou córrego, ou ainda se você trabalha num sistema de tratamento, deve ter alguns cuidados essenciais para evitar contaminação. São eles:
1 – Evite banhos em rios e córregos.
2 – Caso pertença à parcela de 16% da população que não tem água tratada, ferva ela antes de beber.
3 – Fique distante de esgoto à céu aberto.
4 – Fique distante de fossas.
Para quem trabalha com manutenção em redes coletoras, operam sistemas de tratamento, manuseiam amostras de esgoto, ou ainda trabalham com caminhão auto-fossa:
“Não podem abrir mão de medidas como a utilização de equipamentos individuais, a fim de evitar a ingestão inadvertida de esgoto e impedir a contaminação”, orienta o professor Carlos Chernicharo.
Os itens para estes trabalhadores são: óculos de proteção, luvas longas, e máscaras. Se possível, deve-se utilizar um protetor facial (visores de plástico).
O vírus da covid-19 pode estar em locais que não imaginamos. Proteja-se.
* Jonas Rodrigo dos Santos é consultor ambiental em Foz do Iguaçu (@jonasrodrigodossantos).
Referências:
Organização Mundial da Saúde – ttps://bit.ly/39UnUoC
Ciência Ambiental: Pesquisa e tecnologia da água – https://doi.org/10.1039/C5EW00125K
Emergência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e o papel de uma vigilância nacional em saúde oportuna e efetiva – https://bit.ly/3c3rM8d
Ocorrências de vírus diversos nos sistemas de tratamentos de esgoto do Rio de Janeiro – https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6066
Senado Notícias: http://bit.ly/36XaEz0
Novo coronavírus já matou mais que a SARS e a MERS": jornal "O Globo", de 09/02/2020, acessado em https://glo.bo/3c3uxq5
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