Grom e a Peste

Baseado na série de quadrinhos homônima da editora russa Bubble Comics, criada por Artyom Gabrelyanov.

Apoie! Siga-nos no Google News

*ESTE TEXTO CONTÉM REVELAÇÃO DE ROTEIRO (SPOILER)

Entrou dia cinco de maio deste ano para o catálogo da Netflix, “Major Grom Contra o Dr. Peste”, filme original russo de ação, dirigido por Oleg Trofim, baseado na série de quadrinhos homônima da editora russa Bubble Comics, criada por Artyom Gabrelyanov. É o primeiro longa-metragem baseado em uma HQ russa que aparece para esses lados.

O filme mescla vários recursos narrativos do cinema “estoura quarteirões” (blockbuster), roteiro leve e direto que esconde pérolas na aparente estética superficial de mais um filme de ação de super-herói. O roteiro trabalha com a linha de tempo entrecortada e a ação ocorre num intercalar da imaginação do personagem sobre as ações futuras e suas consequências. Melhor assistir para entender.

Aparentemente sabemos se o filme é russo se as cores estourarem um pouco o azul e dourado (filmes chineses buscam mais o vermelho). A fotografia é sombria, mas a construção das personagens é bem alegre.

Sem entrarmos na resenha, pois o filme mesmo revela logo de início todos seus segredos, a impressão que temos numa leitura mais pretensiosamente semiótica é a de que, assim como os filmes espanhóis, o cinema russo deixa no pano de fundo do desenvolvimento críticas sociais pontuais.

No caso de “Major Grom Contra o Dr. Peste”, duas coisas ficam presentes: a crítica ao capitalismo selvagem e desumano e suas consequências na criminalidade. E o justiçamento feito por quem lê a realidade do lado de fora sem vivê-la. O vilão é uma espécie de Batman assassino.

“Major Grom Contra o Dr. Peste” não romantiza a figura do justiceiro, ao contrário do brasileiro “O Doutrinador”. Para o protagonista, bandido bom é bandido detido, julgado e condenado. Infelizmente bandido rico, tanto na vida real como na do universo do filme, passam impunes.

Bom filme para quem busca entretenimento inteligente com roupagem superficial mas que deixa muitas reflexões a serem desenvolvidas ora em diálogos interrompidos, ora apenas pelo enquadramento de uma cena impactante.

Não podemos esquecer do CGI. Outra coisa que tem que assistir para contemplar de forma adequada.

Major Grom é carismático. Desregrado, busca a ordem e justiça – e sua vida é mesmo assim um protesto por liberdade. Complexo, cru, o personagem impacta por nos identificarmos com ele, relembrando nossas aspirações infantis de uma vida adulta honrada e exemplar. Afinal, “um super-herói não é alguém com superpoder, é alguém que derrota um supervilão”.

#resenha #crítica #sociedade

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.