O pedágio “baixa ou acaba”. Tarifas até 50% mais baratas do que as antigas. Os processos de concessões de rodovias paranaenses envolvem repertório profícuo, pronunciado por agentes públicos de diferentes matizes e períodos. Já para usuários das rodovias, as garantias não são tão absolutas e enfáticas.
A se considerar um dos principais fatores, o preço, o novo pedágio na BR-277, na região de Foz do Iguaçu, parece começar onde terminou em 2021. Os valores vão de R$ 15 a R$ 17 nas praças da região, equivalentes, em cifras absolutas, à tabela praticada quando as catracas foram fechadas, há três anos – devendo ser observada a inflação de 15% do período.
O antigo pedágio é uma ferida aberta. Foi marcado por ser caro e pelo “desaparecimento” de obras, em que estudos indicam R$ 10 bilhões cobrados a mais dos usuários em tarifas, ante investimentos jamais realizados – somente metade das duplicações previstas foi feita. A corrupção assumida foi oficializada nos autos de acordos de leniência.
O novo pedágio é cobrado, concessão de 30 anos. É inevitável e, mais ainda, é justo olhar para o retrovisor a fim de revisar erros do passado que a sociedade e o poder público não podem permitir que ocorram novamente. O enfoque deve ser no preço, obras de qualidade e dentro do cronograma, manutenção das vias e serviços adequados nas rodovias.
O pedágio impacta Foz do Iguaçu. A cidade, na região, é a mais distante do porto e dos grandes centros urbanos; é um centro logístico de importação e exportação via Argentina e Paraguai. E 65% dos turistas usam o modal rodoviário para visitar as atrações da cidade e da região trinacional – são visitantes que passam a pagar a tarifa.
Apesar disso, a cidade não foi contemplada na concessão com grandes obras, sendo a mais sentida delas uma solução de engenharia para desafogar o trânsito no CTG Charrua, na BR-277, na entrada/saída da cidade. O contrato prevê passarelas, dispositivos em desnível e faixas adicionais. E se espera a duplicação da rodovia entre Foz e Cascavel.
Diz-se que o futuro é um juiz neutro, sábio e justo ao sentenciar, mas tem um problema: sempre chega depois. No caso do pedágio nas rodovias do Paraná, não é necessário esperar a justeza do porvir, pois a história já reúne lições. Fiscalização, controle e participação social são instrumentos que podem mitigar erros e evitar reincidências.
Parabéns pelo Editorial. vamos aguardar os próximos capítulos.