Foz do Iguaçu tem 20% das moradias sem tratamento de esgoto

Cidade fica em 13.º no ranking nacional do saneamento básico e se destaca no acesso à água potável, porém parte da população continua esquecida sem esgoto tratado.

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A falta de acesso à água potável afeta quase 32 milhões de pessoas no Brasil, e cerca de 90 milhões não têm acesso à coleta de esgoto, o que se reflete em problemas de saúde para a população. Essa é a preocupante conclusão do Ranking do Saneamento Básico, divulgado pelo Instituto Trata Brasil.

Foz do Iguaçu – atendida pela Sanepar – aparece na 13.ª posição no levantamento nacional, que considera dados de 2022 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) acerca das cem cidades mais populosas do Brasil. Em 2023, a cidade não apareceu na lista, pois não se enquadrava nessa faixa, conforme estimativas populacionais do censo daquele ano.

No levantamento, foram levados em consideração indicadores como distribuição e coleta de água e esgoto, perdas na distribuição, investimentos e melhorias realizadas. Outras cidades paranaenses figuram na lista: Maringá, em 1.º; Cascavel, em 9.º; Ponta Grossa, em 14.º; São José dos Pinhais, em 21.º; e Curitiba, em 22.º).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou recentemente, no Censo 2022, dados sobre a situação do saneamento básico no país. Em relação a Foz do Iguaçu, dos mais de cem mil imóveis mapeados, 20.715 ainda não possuíam estrutura adequada para o tratamento do esgoto.

De acordo com o levantamento, a cidade conta com 79.520 domicílios (79,3%) conectados à rede geral, pluvial ou que possuem fossa ligada à rede, estruturas consideradas adequadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).

Os 20,7% restantes das moradias despejam o esgoto de maneira inadequada em fossas sépticas não ligadas à rede, buracos, valas ou até mesmo em rios e córregos. O levantamento também revela que seis residências não possuíam banheiro.

Águas subterrâneas

De acordo com a professora do curso de Administração Pública da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Maria Lúcia Brzezinski, que é autora de dois livros na área (Direito Internacional da Água Doce, lançado em 2012, e Água Doce no Século XXI, publicado em 2009),
a Sanepar presta um bom serviço de abastecimento de água. Um dos problemas está em alguns setores e moradias que não são abastecidas pela companhia.

“A água que a Sanepar trata é segura e de qualidade. Foz do Iguaçu é muito bem servida, abastecida com água superficial do lago de Itaipu e da bacia do Rio Tamanduá, afluente do Rio Iguaçu. O que eu acho grave é que muitos hotéis, restaurantes e até casas têm poços artesianos, e essa água subterrânea, que é um bem ambiental de competência dos estados, tem pouca ou nenhuma fiscalização”, explica.

Para acompanhar de perto a situação do saneamento na cidade, a Unila promove um projeto de extensão em conjunto com o Observatório Social de Foz do Iguaçu. “O objetivo desse caderno é traduzir essas informações técnicas de forma que a população em geral possa entender e ter um retrato fiel da situação”, conta Maria Lúcia.

Brasil longe da universalização

A situação do saneamento básico no Brasil permanece preocupante, com avanços modestos. Um dado impactante que o Ranking do Saneamento trouxe é que mais de 5,2 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente no país.

O estudo revelou ainda que apenas três cidades alcançaram a meta de universalização do saneamento básico, oferecendo pelo menos 99% de acesso à água tratada e 90% do serviço de coleta e tratamento de esgoto à população, critérios estabelecidos pelo Novo Marco Legal do Saneamento: Maringá (PR), São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP).

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