Ex-diretor do Municipal: “Espero que o prefeito honre a sua palavra escolhendo técnico para administrar o hospital”

Ao dar esclarecimentos na Câmara, o médico disse sentir-se injustiçado e confirmou dívida de mais de R$ 140 milhões do hospital gerido com recursos públicos.

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Ao dar esclarecimentos na Câmara, o médico disse sentir-se injustiçado e confirmou dívida de mais de R$ 140 milhões do hospital gerido com recursos públicos.

Ex-diretor da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Amon Mendes de Sousa foi à Câmara de Vereadores, nesta quarta-feira, 6, prestar esclarecimentos sobre sua gestão à frente do Hospital Municipal Padre Germano Lauck. O requerimento do convite foi proposto pelos vereadores Admilson Galhardo (Republicanos) e Cabo Cassol (Podemos), aprovado por unanimidade no Legislativo.

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Em sua apresentação, antes de responder a perguntas dos vereadores, o médico afirmou ter tomado medidas de austeridade e que se sente “injustiçado”, “usado” e que fez um único pedido ao prefeito Chico Brasileiro (PSD) ao renunciar ao cargo, no mês passado: indicação técnica para a direção do hospital. Ele ainda confirmou a dívida do Hospital Municipal, que está estimada em R$ 140 milhões, resultado de sucessivas gestões.

“Me sinto muito injustiçado, descrente com a política e sei que fui usado no cargo de direção”, declarou, sem dar mais detalhes sobre quem teria se aproveitado da sua gestão. “Tomei medidas muito duras e que eram necessárias para salvar o hospital. Me deixa triste ao ver algumas medidas de austeridade que tomei serem revogadas nos primeiros dias da atual gestão”, disse Amon Mendes de Sousa.

Na Câmara, o ex-diretor do Municipal falou ter atuado para reduzir a dívida do hospital. “Essa dívida que se propagandeou nas últimas semanas não é do doutor Amon. Fui o primeiro diretor a se esforçar por pagar passivos, mudar hábitos. Não é uma invenção deste ano [a dívida]. A única diferença é que eu deixei isso transparente. Às vezes assusta saber que nós temos um hospital com aproximadamente R$ 140 milhões em dívidas”, realçou.

“Espero que o prefeito honre a sua palavra”

Aos vereadores, Amon Mendes de Sousa contou que obteve garantias do prefeito de que a direção do Hospital Municipal será indicada por critérios técnicos. Relatou no Legislativo que esse foi seu único pedido a Chico Brasileiro quando decidiu renunciar ao cardo de diretor, após o Ministério Público do Paraná (MPPR) requerer, pela segunda vez no ano, intervenção na unidade hospitalar e afastamento do médico.

Ao falar na Casa de Leis, reproduziu o que diz ter sido o diálogo com o prefeito e interlocutores, afirmando que renunciaria “desde que a escolha do próximo diretor [do Municipal] seja uma escolha técnica, alguém habilitado em administração hospitalar, que saiba tocar o hospital”, apontou.

“Eu tive a promessa firme – tenho testemunhas dessa conversa, estão aqui presentes inclusive nesse plenário”, cobrou o médico. “Espero que o prefeito honre a sua palavra escolhendo alguém técnico para administrar o hospital, e não a atual direção que se encontra no momento, que não tem condições técnicas”, registrou Amon Mendes de Sousa no plenário da Câmara.

O ex-gestor confirmou que o Hospital Municipal deve cerca de R$ 140 milhões – Foto: Carlos Sossa/H2FOZ

Crise na gestão da saúde

Em 21 de junho, o promotor de justiça Luis Marcelo Mafra emitiu recomendação administrativa requerendo a intervenção no Hospital Municipal Padre Germano Lauck e afastamento do então diretor, Amon Mendes de Sousa. O documento elencava uma série de problemas, do aumento da dívida à suspensão de contratos e falta de condições adequadas para o atendimento à população.

A prefeitura acatou a recomendação, a segunda neste ano de 2022, com intervalo de três meses uma da outra. Após reunião do Conselho Curador, no dia 23, o prefeito Chico Brasileiro e a então secretária de Saúde, Jaqueline Tontini, anunciaram que a própria Jaqueline ocuparia a direção do Municipal de forma interina. Para isso, ela afastou-se formalmente do cargo na secretaria.

“É um desafio enorme para mim, é uma área que nunca atuei diretamente”, reconheceu Jaqueline Tontini, em declaração levada à imprensa iguaçuense pela Agência Municipal de Notícias. E prometeu: “Vamos seguir atuando para que a população tenha uma assistência de qualidade em toda a rede municipal de Saúde.”

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