Polícia avança na investigação do assassinato de Marcelo Arruda; partidos pedem federalização

Expectativa da força-tarefa é concluir o inquérito até a próxima terça-feira (19); Jair Bolsonaro ligou para familiares da vítima.

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Expectativa da força-tarefa é concluir o inquérito até a próxima terça-feira (19); Jair Bolsonaro ligou para familiares da vítima.

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A Polícia Civil do Paraná espera concluir, até a próxima terça-feira (19), o inquérito sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Aloízio de Arruda, de 50 anos, ocorrido no fim de semana em Foz do Iguaçu. Um dos focos do trabalho é apurar os motivos que levaram o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho a efetuar os disparos.

Em nota divulgada à imprensa, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP) informa que “já foram ouvidas oito pessoas, dentre testemunhas que estavam no local dos fatos e familiares do autor. A Polícia Científica trabalha para concluir os laudos necessários com celeridade”.

A SESP também comunica que Guaranho, que teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça, encontra-se “sedado em assistência ventilatória mecânica, hemodinamicamente estável. Não há previsão de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”. Na segunda-feira (11), ele foi transferido do Hospital Municipal para o Hospital Ministro Costa Cavalcanti.

Para agilizar as investigações, foi criada uma força-tarefa sob o comando da delegada divisional Camila Cecconello, que veio de Curitiba para os trabalhos. A delegada Iane Cardoso, responsável pelas primeiras diligências, permanece como parte da equipe. O Ministério Público do Paraná também acompanha o caso.

Uma das versões levantadas até o momento é que Guaranho teria ido à sede da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (ARESF), local onde acontecia a festa de 50 anos de Marcelo Arruda, como parte de uma ronda combinada entre sócios e membros da diretoria (o policial penal já exerceu cargo de secretário na associação).

A celebração tinha decoração alusiva ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores (PT), do qual Arruda era tesoureiro do diretório municipal de Foz do Iguaçu e concorreu ao cargo de vice-prefeito nas eleições municipais de 2020.

No boletim de ocorrência registrado após o crime, testemunhas relataram que Guaranho teria se irritado com a temática do evento e dito frases alusivas ao presidente Jair Bolsonaro. Imagens das câmeras de segurança mostram que houve uma discussão entre o policial penal, que parou o carro em frente à porta do salão, e os participantes da festa.

Ao deixar o local, conforme relatos dos presentes, Guaranho afirmou que voltaria. Minutos mais tarde, retornou à sede do clube e desceu de arma em punho, efetuando os disparos que acertaram Arruda. Mesmo caído, o guarda municipal revidou e atingiu o atirador. Arruda não resistiu aos ferimentos e faleceu.

Em comunicado emitido nessa terça (12), a diretoria da ARESF manifestou pesar e comunicou que “está prestando todo o apoio necessário para as investigações conduzidas pelas autoridades policiais. Todas as informações relacionadas ao caso, inclusive as imagens do circuito fechado de TV, foram concedidas às autoridades”.

Federalização

Na tarde dessa terça-feira (12), dirigentes do PT e outras cinco legendas (PCdoB, PV, Rede, PSOL e PSB) reuniram-se em Brasília com o procurador-geral da República, Augusto Aras, para pedir a federalização das investigações sobre a morte de Marcelo Arruda. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, foi uma das participantes do encontro.

No entender de Aras, a federalização só deve ser avaliada após a conclusão do inquérito, prevista para o dia 19. “Se eu pedir a federalização, estarei transferindo a responsabilidade ao STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Isso agradaria vocês, mas atrasaria as investigações”, declarou o procurador-geral, citado pelo portal Poder 360.

Jair Bolsonaro

Também nessa terça, o presidente Jair Bolsonaro participou de uma chamada de vídeo com familiares de Marcelo Arruda, intermediada por um deputado federal do Rio de Janeiro. Durante a conversa, Bolsonaro acusou a imprensa de tentar responsabilizá-lo pelo crime e convidou dois irmãos do guarda para uma entrevista coletiva em Brasília.

“A imprensa, obviamente, como é quase toda de esquerda, está quase que botando no meu colo a ação desse cara”, alegou o presidente. “No meu entender, nada justifica o que aconteceu, nada justifica. […] Ainda que porventura tenha tido uma troca de palavras grosseiras, né, não justifica o cara voltar armado e fazer o que ele fez.”

Pedido de paz

Ao comentar sobre a morte do guarda municipal Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu, o arcebispo da Igreja Católica em Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, pediu a adoção de “um compromisso pela paz para que o país se torne mais justo, solidário e fraterno”.

Segundo o religioso, “a insanidade que transforma uma festa de aniversário, momento de alegria e fraternidade, em cenário de violência e morte não deve ser a referência para o exercício da cidadania no Brasil”. O presidente da CNBB ressaltou trechos de uma nota emitida pela entidade no último dia 22 defendendo a paz e a tolerância.

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