Esporotricose: medicação gratuita a animais está disponível no SUS do PR

Paraná é o primeiro estado a fornecer medicação via SUS destinada a combater a esporotricose em animais.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Você pode até torcer o nariz para os gatos e não gostar deles, mas uma coisa precisa admitir. Os gatos, assim como qualquer outro ser vivo, desempenham um papel importante no ecossistema promovendo o controle das consideradas pragas urbanas. Ao longo da história da civilização são figurantes de parte das páginas clássicas.

Mas nos tempos atuais um paradoxo toma conta das setes vidas dos felinos. Em um aspecto, saltaram para além de fins utilitários, ganhando espaço nos lares das famílias, como integrantes também. E tantos cuidados assim, ajudam a movimentar a engrenagem da economia. Eu que gosto tanto de animais, soube há pouco do conceito de ‘gatificação’, que é adaptar a casa para as necessidades do gato! Porém, a falta de políticas públicas eficazes e eficientes chama a atenção para uma grave situação: a superpopulação e as doenças.

Importante dizer que em qualquer contexto, os gatos não são os vilões. São vítimas da sociedade, desde quando o primeiro deles foi retirado da vida selvagem e domesticado. A ausência de políticas públicas que implementem a guarda responsável, envolvendo a castração, chipagem, a educação ambiental, a fiscalização a maus-tratos e multas, ainda não recebeu a seriedade necessária. Muita gente ganha altos salários para colocar em prática essas funções, nos órgãos públicos, mas não se coça. Deixa muito a desejar. As pessoas voluntárias sentem na pele essa demanda.

A superpopulação de animais é visível por todos os lados e estes acabam ficando mais expostos à maldade humana. E há quem apareça com soluções mágicas, como por exemplo proibir que as pessoas que tenham compaixão por eles, os alimentem. Como se isso fosse impedir o ciclo reprodutivo. Portanto, a informação é essencial. Se quem não gosta de gatos, ou cães também, em vez de envenenar ou matá-los de outras formas, exigissem dos governantes medidas de controle ético da população de animais, estaríamos em outro patamar.

Não bastasse a luta dos voluntários para dar melhores condições de vidas aos animais mesmos sem recursos, se comparado com os órgãos públicos que contam com uma estrutura básica, algumas doenças e lendas sobre os gatos, aumentam os índices de abandonos. De uma hora para outra a pessoa passa a ter alergia a pelos, outras acreditam piamente que dão azar. Mas atualmente a esporotricose é a doença que tem chamado a atenção de quem lida com felinos, direta ou indiretamente. E, inclusive, das autoridades de saúde.

A esporotricose é uma micose transmitida por fungos que ficam alojados na terra e em materiais em decomposição, como madeiras, galhos e folhas e podem afetar tanto os animais como os humanos. Pode ser transmitida por qualquer animal, mas pela própria característica dos gatos, que cavam a terra, andam por todos os lados e afiam as garras em troncos de árvores, acabam ficando mais suscetíveis. Já foi conhecida como ‘doença de jardineiro’ ou ‘doença da rosa’. Isso porque era mais ligada a quem exercia essa atividade ou morava na zona rural.

A transmissão da doença do animal para o humano, acontece se houver contato direto com o ferimento, com a lesão, por arranhadura ou mordedura. Mas isso não deve ser motivo para o abandono, pois só vai agravar o problema. O bichinho precisa de atendimento veterinário e a prescrição dos medicamentos. E no Paraná a medicação que era destinada somente para o tratamento de humanos, passou a ser oferecida também aos animas pelo SUS – Sistema Único de Saúde. Facilitar o acesso gratuito à medicação é uma ótima alternativa para quebrar o ciclo da transmissão. Além do mais, se for um animal em situação de rua, a Vigilância em Saúde do município deve ser informada para tomar as providências. Todos os casos precisam ser notificados.

Essa medida adotada pela SESA – Secretaria de Estado da Saúde, com recursos próprios,  com investimento de R$ 79 mil para subsidiar a compra de 100 mil comprimido destinados exclusivamente a animais, é louvável. Porém, diante do fato de que muitas pessoas não conseguem pagar consultas veterinárias, há que se pensar na possibilidade de os profissionais de veterinária que atuam nos órgãos públicos também auxiliarem nessa força-tarefa e facilitando o diagnóstico.

É essencial que a população receba informações que sirvam para prevenir e combater a doença, a fim de que os gatos não paguem o pato, mais uma vez. A Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz tem um espaço dedicado somente para esclarecer sobre a esporotricose e pode e deve ser difundida.


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