Fogos com estampido: proibição avança no Senado

Fogos com estampido significam desespero e medo para animais e pessoas.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

O Projeto de Lei 05 de 2022, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (AP), dispõe sobre a proibição, em todo o território nacional, de fabricação, comércio, transporte, manuseio e uso de fogos de artifício de estampido ou de qualquer outro artefato pirotécnico que produza estampidos. Se aprovado, haverá um ano para que a indústria se readeque.

Claro que haverá barulho da ala que defende esse tipo de diversão. Porém, a sociedade brasileira precisa se organizar e pressionar para que esse projeto tramite com rapidez. Não é mais aceitável que momentos de confraternização sejam transformados em agonia.

Olhe ao redor. Não bastassem os animais que ‘são’ de rua, há os aqueles perdidos, que fogem desesperados por conta dos rojões durante as festas de final de ano, festas juninas, torneios de futebol e outros. Uma diversão dolorosa, também para os humanos. Autistas, idosos, acamados, crianças, pessoas com síndrome do pânico, todas elas sofrem com os estampidos. Sem falar nos animais silvestres, que vivem no entorno das cidades e entram em pânico também.

Se o estampido já incomoda quem está longe, imagina para um cão que tem a audição quatro vezes mais apurada que nós, humanos? Todo ano é a mesma coisa, um sentimento de impotência, porque não há para quem denunciar.

Há inúmeros relatos de pessoa que entram em crise por conta do ruído e de animais que mesmo se mutilam, tentando fugir por janelas e vidraças. “Podem acontecer fugas, atropelamentos, ataques, mutilações em grades, portões e vidros, enforcamentos com as próprias coleiras, aprisionamento indesejado em lugares de difícil acesso como porões, e paradas cardiorrespiratórias!”, destaca o Grupo Fauna, de Ponta Grossa.

As dicas do Fauna são valiosas: “recolher os animais dentro de casa ou em lugar protegido durante a queima dos fogos transmitindo-lhes segurança e tranquilidade, colocar algodão nos ouvidos, colocar música em volume alto, existem alguns medicamentos como florais e calmantes naturais que podem ajudar, para outras medicações ouça um veterinário!”

Todas essas medidas são importantes. Porém, além de não haver uma informação clara para a população sobre como denunciar quem solta fogos a raiz do problema está na comercialização. Se sabemos que é algo que em muitos município é proibido, como é que a venda é permitida?

Não é possível contar com a racionalidade do ser humano, ainda mais quando já está alcoolizado, situação típica de comemorações. Porém, ao comprar os fogos, espera-se que a pessoa esteja em sã consciência e, assim sendo, se ela compra os artefatos ela vai sim soltá-los. E danem-se todos aqueles que sofrem com isso, pois a sua diversão vem em primeiro lugar.

Claro que uma cadeia produtiva gigantesca e que, muitas vezes, explora a mão de obra, com más condições de trabalho, altíssimo risco de acidentes e cansaço físico e mental não aceita alterações na engrenagem financeira. Porém, a proposta muito esperada por ativistas da causa animal e familiares de pessoas que sofrem com os ruídos, foi aprovada pela Comissão de Educação e Cultura (CE) e agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal (CCJ). Desde o mês de outubro, aguarda-se a designação de quem vai relatar o texto.

Há algumas décadas era normal fumar em lugar fechado e marcas de cigarro associavam o fumo à esportes radicais. Hoje, isso soa como algo inaceitável. Daqui a alguns anos, vão se questionar como a sociedade fazia de um momento festivo, sinônimo de dor. Claro, isso ainda vai levar um tempo, e depende de nós, que temos audição ‘normal’ escutar o clamor de quem sofre com os estampidos.

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