Número de animais abandonados em Foz é o pior da última década, dizem protetoras  

No período de férias, foram recolhidos ninhadas e cães adultos; muitos atropelados porque não estavam acostumados a viver nas ruas

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O número de cães e gatos abandonados em Foz do Iguaçu nas férias de 2022–2023 é um dos piores já registrados na última década, conforme protetoras entrevistadas pela reportagem do H2Foz. Muitas ninhadas e animais adultos foram deixados nas ruas por famílias. Com a falta de um programa efetivo de castração, a situação tende a piorar.

À frente da ONG Vida Animal, Noely Cassini diz que foram resgatados, entre 18 de dezembro e o fim de fevereiro, 168 animais das ruas, entre cachorros e gatos. Muitos são de ninhadas; uma das mais recentes de uma pit bull com cinco filhotes. Alguns cães foram encontrados amarrados, outros debilitados com doenças e ferimentos, incluindo dois cegos.

O abandono ocorre em qualquer local da cidade, sem que haja áreas específicas, como ocorria em outras épocas. Muitos bichos foram resgatados em terrenos baldios.

Somente na ONG Vida Animal há 450 animais abrigados. A ONG tem gasto diário de R$ 1 mil só com ração, e o custo mensal passa de R$ 60 mil, sem contar cirurgias que são necessárias. Para Noely, faltam políticas públicas, microchips e projetos contínuos de castração. “Estamos à beira de um colapso”, afirma.

ONG Vida Animal precisa de ajuda financeira. Foto: Marcos Labanca/H2Foz

“É como enxugar gelo, não acaba nunca”, ressalta a protetora Maria Cristina do Amaral, da ONG Lar Temporário. Para conseguir abrigar os animais resgatados, ela vende rifas e pede dinheiro no trânsito, com uniforme da proteção animal. Cristina também pega uma parte do próprio dinheiro para conseguir comprar ração e remédios e para pagar castração em clínicas. A ONG tem hoje 32 cachorros e 34 gatos.

Muitos animais abandonados foram adotados anteriormente. As pessoas vão às feiras de adoção e são submetidas a entrevistas e acompanhamento por seis meses. Mesmo assim, após um tempo, acabam abandonando cães e gatos adotados. “Eles não têm uma consciência. Acham que o animal é para cão de guarda e gato para caçar rato.” Alguns animais são retirados do adotante e retornam ao abrigo. Para Cris, há falta de conscientização do ser humano com os animais.

A ONG Lar Temporário tem gatos para adoção. Foto/Divulgação

Animais sentem o abandono, diz veterinária

A médica-veterinária Amanda Furjan Rial cita que o primeiro impacto do abandono é psicológico. Muitas pessoas desconhecem, mas cães e gatos têm alguma consciência do abandono, considerando que viviam em ambiente familiar e por isso criaram dependência emocional. “As pessoas não conseguem levar em consideração a responsabilidade que têm sobre essa vida”, frisa.

Outro problema relacionado ao abandono é quanto à saúde pública. Há zoonoses que podem ser transmitidas para pessoas, incluindo a leishmaniose, febre maculosa e esporotricose – lesões fúngicas que acometem gatos e podem passar para o ser humano.

Segundo a veterinária, se não houver políticas públicas para controle e castração populacional, será difícil controlar a situação. Também é preciso falar sobre a posse responsável de animais para crianças nas escolas, porque o adulto é mais resistente à informação.

Como ajudar?

Você pode ajudar as ONGs adotando animais ou contribuindo financeiramente. Na ONG Lar Temporário é possível também apadrinhar um animal até ele ser adotado. Contato: cristina.amaral@gmail.com.

Para a ONG Vida Animal, as contribuições podem ser feitas via Pix: (CNPJ) 10.615.541/0001-88. A ONG também aceita doações de artigos para bazar, cobertores, material de limpeza (para animais), rodos, vassouras e rastelo.

O que diz a prefeitura

Nota Programa de Castração

A Prefeitura de Foz do Iguaçu possui um programa de castração ativo, coordenado pela Diretoria de Bem-Estar Animal, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Comercial, Industrial e Agropecuário.

O edital de chamamento público para a contratação de uma nova empresa que irá realizar o trabalho em 2023 está aberto e aguarda a inscrição de estabelecimentos veterinários para a realização de aproximadamente três mil castrações.

Em 2022, foram mais de 1.300 procedimentos realizados na cidade, em três ações: 388 castrações de cães e gatos com a clínica veterinária Pet Brazil, por meio do castramóvel; 30 gatos, em parceria com a UDC-Anglo, também com o uso do castramóvel, e em conjunto com o programa do Estado do Paraná, denominado CastraPet, com mais de mil castrações.

Todos os procedimentos contam com prioridades aos protetores independentes, ONGs de proteção animal e pessoas com número de identificação social, inscritas no CadÚnico.

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