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Prefeitura de Foz

Silva e Luna chega a 300 dias de governo sob crise e pressão por desempenho

Além das cobranças à gestão, na Câmara surge um bloco de nove vereadores que pode romper a tradição de maiorias cômodas ao Executivo na Casa de Leis.

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Silva e Luna chega a 300 dias de governo sob crise e pressão por desempenho
Governo Silva e Luna completa 300 dias de governo nesta segunda, 27 - Ilustração: Claudio Siqueira, com uso de IA


A presença do prefeito, com parte do primeiro escalão, na conclusão de obra privada derivada de obrigação legal a loteadores — prolongamento de avenida — é reveladora da pressão por desempenho sobre o governo de Joaquim Silva e Luna (PL), que completa 300 dias nesta segunda-feira, 27. “Mais uma entrega importante”, legendou seu vídeo nos canais digitais, sem mencionar crédito a quem construiu o fragmento de via pública.

Pouco antes, Silva e Luna havia transferido o fardo das cobranças que vertem da população aos secretários, diretores e assessores mais próximos, requerendo resultados com brevidade. Buscava suturar a ferida causada pela perda de secretário próximo, da pasta de Comunicação, após prolongada consumição pública, em deleite dos adversários. Porém, a baixa mais grave, a quarta contundente da gestão, chegaria na sequência.

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O secretário-executivo do Gabinete do Prefeito, coronel Jorge Ricardo Áureo, pediu exoneração, fragilizando o âmago do governo, o que revela que a crise consome as funções de governabilidade, ainda que o assistente de confiança possa retornar em outra pasta. Na Câmara, a correlação de forças é desafiadora, pois os vereadores dão sinais de que olham pelo retrovisor, a observar a punição do eleitor a representantes que apenas dizem amém.

Emerge um núcleo de descontentes com a gestão, ao qual se somam duas vereadoras de oposição, formando o G9, bloco que pontua o placar de 9 a 6 nos embates legislativos. Esse movimento pode romper com certa tradição de maiorias cômodas ao Executivo na Casa de Leis, fruto da troca de favores que, em geral, subtrai as principais características parlamentares confiadas pelo voto — a fiscalização e a independência.

O estrago é sentido. Três aberturas de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) estão protocoladas por vereadores. Um dos pedidos promete abrir a “caixa-preta” do Foztrans, enquanto os demais objetivam apurar eventuais irregularidades no recolhimento de livros de inglês das escolas municipais e responsabilidades de agentes públicos pelas “péssimas condições do asfalto” nas ruas e avenidas de Foz do Iguaçu.

A espera na saúde é de 136 mil procedimentos, a fila da dor, contabiliza o Portal da Transparência: 57.502 consultas, 56.904 exames e 21.675 cirurgias. A cidade esburacada tem 240 quilômetros de vias em estado ruim, diagnóstico da prefeitura. Há déficit de vagas no ensino infantil; demandas e descontentamentos com a gestão da educação motivam um documento com duas mil assinaturas pela exoneração da titular da pasta. Contratos vultosos são questionados, como o de R$ 25 milhões em licitação para gerir multas de trânsito.

Muitos dos problemas, argumentam palacianos, advêm da gestão de Chico Brasileiro (PSD), negligenciando que o atual governo se furtou de comunicar tal herança à população, arcando com 100% do ônus. Ao chegar aos 300 dias como prefeito, cabe a Silva e Luna deslindar se a crise dentro da prefeitura decorre da pressão externa por desempenho ou se os resultados desidratados é que derivam de limites da gestão. O certo é que ambos coexistem.

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