H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
No mundo dos negócios, é assim: uma fábrica que vende acessórios para o setor de tabaco e narguiles agora produz também máscaras cirúrgicas, num investimento que reúne o jogador Roque Santa Cruz, ídolo do Bayern de Munique e jogador do Olimpia, e o ex-goleiro do Grêmio Ricardo Tavarelli.
A holding Flavors of America, fundada em 2014, em Ciudad del Este, foi escolhida pelo Ministério da Saúde do Paraguai para fornecer 2 milhões de máscaras cirúrgicas, pagas com dinheiro de Itaipu.
Roque Santa Cruz disse que entrou no negócio a convite do empresário Walid Amine Sweid, que o jornal Última Hora lembra ser acusado de suposta lavagem de dinheiro e tem forte relação com Hugo Velázquez, vice-presidente da República.
Para o jogador, embora seja suspeito desse crime, Walid nunca foi investigado nem acusado de ilícitos. Além disso, o empresário não faria parte da empresa em que é acionista.
Ele contou que a empresa já recebeu a visita do Ministério da Saúde e da Direção Nacional de Vigilância Sanitária, em várias ocasiões, que reúne "todos os requisitos" e tem meta de produzir entre um milhão e 1,5 milhão de máscaras por dia.
O objetivo, segundo ele, é exportar, o que é confirmado pelo ex-goleiro Tavarelli. "(O Paraguai) é um mercado pequeno. Nos preparamos para o Brasil, um mercado muito grande, como primeiro cliente, e depois os outros países", disse Tavarelli ao Globo Esporte, da Rede Globo.
Além de máscaras de proteção, informa o programa, a empresa de Tavarelli e Roque também produz álcool em gel, já comercializado no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
O investimento foi de aproximadamente US$ 7 milhões para a compra de equipamentos chineses pra produzir máscaras KN95, uma das versões mais sofisticadas, com três camadas de proteção.
Suspeitas
A compra de máscaras com recursos de Itaipu, da empresa Flavours of America, rende dor-de-cabeça pro governo, por suspeita de favoritismo, já que Walid Amine Sweid é amigo do vice-presidente Hugo Velázquez, informa o jornal ABC Color. E o jornal garante que Walid Sweid é sócio da empresa.
A compra, feita pela Fundação Tesãi com recursos da Itaipu Binacional, gerou polêmica porque participaram da licitação quatro empresas, mas a única que foi aceita pelo Ministério de Saúde Pública foi a que tem como sócios Roque Santa Cruz e o ex-goleiro Ricardo Tavarelli (cunhado de Roque), ambos amigos de Sweid.
O diretor da Fundação Tesãi, Fernando Bittinguer, disse que o processo foi transparente. Segundo ele, a Flavours ainda não tem permissão para vender máscaras para uso médico, que exige uma certificação especial ainda em trâmite na Diretoria Nacional de Vigilância Sanitária.
Garantiua, também, que a empresa venceu a licitação porque ofereceu cada máscara por 2.200 guaranis, quando o preço de referência era de 3 mila guaranis.
Comentários estão fechados.