Maquiladoras de autopeças do Paraguai podem perder mercado brasileiro

Brasil impôs uma taxação de 16% sobre autopeças paraguaias (era zero), o que pode trazer demissões no setor.

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O Paraguai bobeou. Deixou passar a oportunidade de fazer um acordo automotivo com o Brasil. E agora se arrepende: o Brasil decidiu aplicar sobre as autopeças produzidas no país vizinho um imposto de 16% (antes, entravam no país com taxa zero).

A medida provocou alarme geral no Paraguai, já que as fábricas de autopeças mantêm mais de 10 mil empregados e faturam, com exportações, US$ 300 milhões. A maior parte das vendas externas (mais de 80%) é feita exatamente ao Brasil.

Com a taxação, o governo brasileiro quer forçar o Paraguai a um acordo, como o existente com a Argentina e o Uruguai, que permite a troca de veículos, peças e acessórios entre os países sem impostos. 

Mas, como o Paraguai compra poucos veículos do Brasil, por trás da medida está também a intenção de forçar o país a deixar de importar carros usados, que entram no mercado paraguaio pelos portos do Chile.

A ideia é mais ou menos essa: se o Paraguai não compra carros do Brasil com imposto zero, por que as autopeças produzidas no Paraguai entrariam com vantagem similar às da Argentina, que sempre foi um dos maiores importadores de veículos brasileiros?

Só que o governo paraguaio, além de deixar passar a oportunidade de um acordo com o Brasil, enfrenta internamente a forte pressão dos importadores de carros usados, que se defendem dizendo que contratam muita mão de obra e movimentam a economia do país.

As próprias maquiladoras fabricantes de autopeças dizem que representantes diplomáticos brasileiros, em reiteradas ocasiões, alertaram o Paraguai sobre a adoção do imposto, caso não fosse feito o acordo automotivo.

O ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Luis Castiglioni, disse à imprensa que o governo irá buscar "uma rápida solução" para o caso, em conversas com autoridades brasileiras.

A presidente da Câmara de Empresas Maquiladoras do Paraguai, Karina Daher, participou de uma reunião com autoridades do país e disse estar confiante que as negociações terão bom resultado.

De qualquer forma, os jornais paraguaios consideram que houve "negligência do governo". E o governo se defende dizendo que havia um projeto de acordo a ser apresentado ao Brasil, feito na gestão de Horacio Cartes, mas o documento "não atendia aos interesses do Paraguai".

Enquanto isso, pelo menos uma das fabricantes decidiu não enviar mais autopeças ao Brasil até que o impasse seja resolvido, porque a taxação de 16% tornaria os preços dos produtos proibitivos, na comparação com os fabricados localmente ou nos outros países do Mercosul.

Fontes: Última Hora e ABC Color

 

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