Previsões para as economias do Brasil, Paraguai e Argentina em 2020. Dá para acreditar?

Ou previsão econômica fica bem próxima da climática? Segundo os prognósticos, dos três o Paraguai se sairá melhor neste ano.

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Previsão econômica é igual previsão do tempo: há tantas variáveis que é quase sempre um chute. Apesar de que os meteorologistas às vezes acertam.

Mas há uma variável psicológica importante, no caso de prognósticos para a economia: se há possibilidade de crescimento, há mais ânimo do investidor e o cenário realmente pode mudar pra melhor, confirmando a previsão.

Vamos, então, às previsões para os três países que fazem fronteira aqui na região.

Primeiro, o Brasil: o governo prevê que, em 2020, o Produto Interno Bruto terá uma expansão de 2,40%, uma ligeira alta ante a projeção inicial, de 2,32%.

Em 2019, houve uma revisão também para cima: o PIB cresceu 1,12%, e não os 0,90% estimados antes. Quer dizer, mesmo o que já passou ainda pode sofrer mudanças.

Para 2020, a melhora no otimismo, de acordo com o governo, deve-se à redução da taxa de juros, que começa a apresentar efeitos este ano, especialmente a partir do segundo semestre, e à aprovação da reforma da previdência e outras medidas de ajuste fiscal.

Já o Banco Mundial fez o contrário: em junho do ano passado, a estimativa era de que a economia brasileira avançasse 2,5% em 2020; na última projeção, divulgada há poucos dias, a expectativa caiu para 2%.

Paraguai sai do zero

O vizinho Paraguai deve ter um bom ano, tanto pelas previsões oficiais quanto por análises externas.

Em 2019, o crescimento da economia paraguaia ficou só um pouco acima de zero (0,2%, a cifra mais baixa desde 2012, quando o PIB ficou negativo em 0,5%).

Mas, pra este ano, o Banco Central prevê uma alta de 3,8%, enquanto a empresa Bloomberg, especialista no mercado financeiro mundial, projeta um aumento de mais de 4%, o que fará do Paraguai um dos países de maior crescimento em 2020.

É válido lembrar que a economia do Brasil em crescimento deve contribuir também para o aumento do PIB do país vizinho, com maior volume de negócios entre os dois países.

A Argentina, em queda

Já o outro vizinho, a Argentina, terá o terceiro ano de queda no crescimento do Produto Interno Bruto. Na análise mais pessimista, essa queda será de 3% em 2020. Já o Banco Mundial, no mesmo relatório que analisa o caso brasileiro, projeta uma queda menor, de 1,3%.

Seja como for, a crise continua, apesar de o Fundo Monetário Internacional ter elogiado o governo de Alberto Fernández, que assumiu em dezembro.

"As primeiras medidas nos fazem ver que o governo está se movimentando em uma direção positiva", disse o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidentral, Alejandro Werner, em entrevista à CNN. Mas ele lembrou que o governo ainda não expôs "um plano mais detalhado".

Inflação

Dos três países, só a Argentina tem inflação (muito) elevada. A do Brasil fechou 2019 em 4,31%, um pouco acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 4,25%.

A inflação paraguaia foi uma das mais baixas da história, de apenas 2,8%, mas provocada pela redução da atividade econômica. O país não entrou em recessão por pura sorte.

E a Argentina? Bom, simplesmente fechou 2019 com a maior inflação dos últimos 28 anos (53,8%), a maior taxa das Américas (descontada a Venezuela, onde não existe sequer um número que encontre respaldo unânime dos economistas).

Não se sabe o que o governo argentino vai fazer para deter a escalada inflacionária, que é um grave sinal de economia doente.

Aliás, no Uruguai, outro parceiro do Mercosul, a inflação foi a terceira maior do continente, em 2019, e acendeu todas as luzes vermelhas: 8,79%. Acima da meta estabelecida pelo governo, que já era um tanto elástica, entre 3% e 7%.

Acreditemos ou não nas previsões, o fato é que o Brasil, na projeção mais otimista, ficará na média mundial de crescimento, em 2020 (2,5%), e abaixo da perspectiva para as economias emergentes (4,1%).

E o Paraguai estará junto com os que mais crescem, se tudo se confirmar.

Mas sabe por que tudo não passa de especulação, mesmo com criteriosas análises? É só ver o que conclui a ONU, depois de revisar os números, em seu relatório, sobre os riscos para a economia em geral.

"Esstes riscos incluem uma nova escalada das tensões comerciais e incerteza da política comercial, uma desaceleração mais forte do que o esperado nas principais economias e turbulência financeira nas economias de mercados emergente e em desenvolvimento."

São as variáveis mencionadas no início deste texto. Como em previsão do tempo: a massa de ar frio deve chegar ao Paraná… Deve, porque pode se desviar por causa de uma das muitas variáveis climáticas.

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