Turismo de Foz e comércio de Ciudad del Este comemoram anúncio da cota de US$ 500

O secretário municipal de Turismo, Gilmar Piolla, espera que a medida seja estendida também para as lojas francas de Foz.

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Comerciantes de Ciudad del Este e o setor turístico de Foz do Iguaçu estão animados com a perspectiva de aumento da cota de compras no Paraguai, de US$ 300 para US$ 500, anunciada pelo presidente da República, mas ainda sem data para vigorar.

É "uma excelente notícia", disse o presidente da Câmara de Empresários de Ciudad del Este, Fidelino Díaz, em entrevista ao jornal Última Hora. Ele lembrou que a medida não solucionará o problema de fundo, que é a crise econômica por que passam os comerciantes da região, mas ajudará a amenizar a situação.

Gilmar Piolla

O secretário municipal de Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos, Gilmar Piolla, disse que a medida "vai potencializar ainda mais Foz como destino de compras".

Como a cidade terá também lojas francas, o turista poderá adquirir US$ 500 em compras no Paraguai e na Argentina e, ainda, terá direito a gastar mais US$ 300 nas free shops locais.

Mas a expectativa de Piolla é que também seja alterado o limite para as lojas francas locais, com o que o turista poderia sair de Foz com US$ 1.000 em compras legalizadas na bagagem. Pelo câmbio atual, seriam mais de R$ 4.100 por pessoa.

Piolla tem conhecimento da dificuldade que as duas primeiras lojas francas de Foz estão enfrentando para iniciar a operação. Ele disse que, na semana que vem, vai conversar com a Receita Federal, em Curitiba, para entender o que está ocorrendo. No Rio Grande do Sul, já há pelo menos cinco lojas funcionando em cidades de fronteira.

Desde 2005

Um estudo feito em 2013 pela professora Vanessa Dantas para o Fundo Iguaçu, na época conduzido por Gilmar Piolla, foi apresentado a várias esferas do governo para mostrar a importância do aumento da cota de US$ 300 para US$ 500.

Segundo o estudo, a cota atual foi fixada em 2005; a anterior era de apenas US$ 150 por pessoa. A cota dobrou em decorrência das oscilações da moeda estrangeira e para manter o que inicialmente se
propunha – "um valor comercialmente inexpressivo, mas que representasse a média do fluxo monetário praticada pelos moradores fronteiriços e viajantes".

Ou seja, completava o estudo, são "justificativas que poderiam servir novamente como argumento para uma nova elevação da cota".   

Com o aumento para US$ 500, Foz do Iguaçu atrairia turistas brasileiros que, mesmo com o dólar alto, fazem compras em suas viagens ao exterior.

Em 2013, a situação econômica do Brasil ainda fazia do turista brasileiro um viajante cobiçado pelos lojistas de Miami. A intenção do estudo era mostrar que Foz poderia atrair muitos brasileiros que iam para aquela cidade americana fazer compras, com a vantagem de gastar muito menos.

Pelo estudo, a cota de US$ 500 poderia fazer com que aumentasse o número de turistas que vêm a Foz para fazer compras. Eles representavam 5% do total de visitantes, e a intenção era que esse porcentual ficasse entre 25% e 30% no prazo de dez anos.

Mas a ideia não era trazer de volta os "sacoleiros" de décadas anteriores, que nem sequer pousavam na cidade, mas sim "atrair o cidadão com responsabilidade fiscal".  em lugar do “sacoleiro” de outrora.

Em crise

O curioso é que, seis anos atrás, os comerciantes de Ciudad del Este já reclamavam da crise. O movimento de compradores tinha despencado 95%, segundo a Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este.

Os motivos da crise são os mesmos que se verificam hoje: desvalorização do real frente ao dólar; controle cada vez mais efetivo dos órgãos de segurança brasileiros; e a desaceleração no crescimento da economia brasileira.

O que Foz ganharia, com mais turistas vindo fazer compras em Ciudad del Este e Puerto Iguazú? Aumentaria o tempo de permanência dos visitantes, com ganhos para toda a cadeia de turismo, que responde por um em cada quatro empregos na cidade.

O estudo argumenta que o impacto de aumento na atividade turística seria importante até para as receitas públicas. "A cada novo turista que visita o município, acrescem-se R$ 249,39 ao PIB municipal e, em consequência, gera-se R$ 51,64 de saldo fiscal líquido – receitas públicas menos despesas públicas – para os cofres públicos", calculava-se naquele ano.

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