Os pés de mangas e o lixo das baladas

É muito comum que árvores sejam condenadas porque sujam as vias.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Na sua cidade deve ter um point, onde os jovens se encontram  aos finais de semana, principalmente.  E muito provavelmente que o saldo da balada seja espaço público cheio de garrafas, copos, bitucas e outros resíduos.  E também deve ter um local onde nem deveria ser ponto de diversão e os moradores acabam sofrendo as consequências, com o lixo e poluição sonora.

De outro modo, deve haver algumas frutíferas, algumas árvores de grande porte, com pedidos de cortes porque as folhas incomodam. Porque os frutos caem e sujam as vias públicas ou porque há riscos de os frutos, no chão, provocarem quedas ou danos aos carros estacionados, por exemplo.  Essas são justificativas, comuns, que motivam os cortes cada vez mais frequentes de árvores que restam nas vias urbanas.

Mas e o que tem a ver a balada com os pés de mangas? Acontece que o lixo proveniente da balada é varrido, o serviço é pago com nossos impostos e está tudo bem porque a engrenagem do comércio precisa gira e promover divertimentos. Porém, as pessoas despejam lixo em locais impróprios, porque querem. Tem quem jogue lata no chão até achando que está fazendo uma boa ação ao coletador de recicláveis. Há o livre arbítrio usado de modo inadequado.  A árvore não tem escolha. É tão óbvio.

Em muitas cidades, que não investem em Educação Ambiental ou não são capazes de implementar uma fiscalização enérgica a quem confunde o chão com a lixeira, o problema é minimizado com ajuda dos garis, que começam o trabalho muito cedo. Deste modo, uma parte da população não se dá conta de como os frequentadores deixam suas pegadas nos locais. Os garis limpam a sujeira daqueles que irão voltar a fazer tudo novamente, porque sabem quem não serão responsabilizados.

Mas no caso das árvores, ainda mais na temporada de frutas, não se vê um reforço no serviço de varrição. E, ainda mais nestes dias quentes, de ondas de calor, o acúmulo de frutos adocicados transforma-se em um prato cheio para atrair espécies da fauna urbana, como os insetos,  que incomodam os moradores. Não há o mesmo empenho em limpar ás áreas onde caem os frutos  como o fazem em  locais onde as pessoas jogam lixo.

Vale lembrar que, mesmo que as empresas de varrição tentem, boa parte dos resíduos que restaram do consumo noturno,  ou diurno também, vai mesmo para as bocas de lobo e isso é altamente impactante ao meio ambiente.  E se a chuva ou ventania chegarem antes da limpeza, o impacto negativo é ainda maior.

O que percebemos em nossas cidades é que tudo é motivo para cortar as árvores. Mesmo em dias com sol intenso, o corte das árvores não para. Muitas secretarias de meio ambiente, são confundidas com serrarias, devido à tamanha quantidade de árvores abatidas, com critérios no mínimo duvidosos. A situação piora quando há vendavais, com quedas de árvores. Isso motiva o corte preventivo de muitas outras.

Cortam árvores o ano todo, e em datas específicas plantam algumas mudas, fazem um alarde nas redes sociais, como se estivessem salvando a lavoura. Essas mesmas mudas cujas chances de chegarem à vida adulta são duvidosas também. Quantas mudas plantadas hoje, chegarão à idade de 70 anos, como no exemplo da árvore que ilustra esse texto?

Quantas empresas existem em sua cidade para cortar árvores? E quantas para plantar? O cuidado dispensado com a varrição do lixo que o humano joga no chão é o mesmo com o fruto que cai do pé? Aliás, há inúmeras cidades que simplesmente proíbem o plantio de frutíferas em vias públicas. Mas isso é assunto para outro texto.

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