Quando a proposta de dolarização da economia novamente escalou o palanque da eleição presidencial da Argentina, em 2023, o H2FOZ revisitou a memória de quando essa medida vigorou e seu impacto na fronteira, com a quebradeira de Puerto Iguazú, na década de 1990. A lição é que economias em crise não se recuperam com meios postiços.
No ano passado, cobertura dos primeiros movimentos do presidente Javier Milei mostrou desafios batendo à porta da cidade vizinha. O preço do aluguel praticamente dobrou em endereços do centro comercial, com medidas federais, e o enfoque das primeiras decisões em nível nacional era a moeda e os mecanismos financeiros, não a produção.
A reportagem voltou a Puerto Iguazú neste junho de 2025 e encontrou a cidade mais uma vez sofrendo com a fuga de visitantes. O movimento turístico está em queda e as compras no comércio retroagiram, devido aos preços altos, que fazem um menu completo sem vinho – entrada, prato principal e sobremesa – custar R$ 250, e uma caixa de alfajor sair a R$ 45.
Os valores encarecidos afastam brasileiros e paraguaios de Puerto Iguazú. E não é só isso. Mesmo com a redução da inflação, segundo atestam os órgãos portenhos, diferentemente de quando escalava acima de 100% com o peronismo, a população argentina não tem poder de compra, o que derruba a capacidade de consumo.
Esse resultado é devido ao governo federal buscar o controle da inflação com mecanismos artificiais, reflete o analista e professor de Relações Internacionais, Pablo Friggeri. “O desemprego no país cresceu, as mercadorias estão caras, e o valor do salário caiu”, expôs, na reportagem especial de Denise Paro.
Integrada que é, a região trinacional costuma sentir os efeitos dos problemas que afetam suas cidades, raramente de repercussão limitada a um único território. A experiência de vivenciar as Três Fronteiras, afinal, não será completa se não integrar Ciudad del Este, Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú.
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Além das narrativas do editorial, faltou abordar as dificuldades que as autoridades vizinhas impõem ao turista brasileiro. São exigências de documentos de identificação atualizados, nossa habilitação não tem valor, seguro saúde, etc ..