Oferta de empregos despencou 30% em Ciudad del Este, em 2018. E continua a cair

A situação é semelhante nas outras três cidades de fronteira do Paraguai onde há comércio turístico

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

A crise econômica das cidades de fronteira do Paraguai virou assunto obrigatório nos jornais do país. E os números explicam esse interesse.

Só no ano passado, houve uma queda de 30% no índice de emprego em Ciudad del Este, segundo a Câmara de Comércio e Serviços da cidade. A situação deve se agravar ainda mais em 2019.

E não só em Ciudad del Este. As quatro cidades de comércio forte, com venda a brasileiros e argentinos, vivem em dificuldade crescente (as outras são Encarnación, Pedro Juan Caballero e Salto del Guairá).

"Vivemos um 2019 economicamente catastrófico e nos vemos na necessidade de continuar com a diminuição de pessoal", diz um comunicado do empresário Ramón Alberto Rojas, de Salto del Guairá

O aumento do desemprego provoca outros problemas a essas cidades, como o crescimento do mercado informal, inclusive em atividades ilícitas, e a consequente evasão de impostos.

Calcula-se que cerca de 600 mil paraguaios dependem diretamente do comércio turístico de fronteira, nas quatro cidades. 

As associações de empresários pedem ajuda do governo. E apontam uma das saídas, que seria aumentar a competitividade do mercado para atrair mais brasileiros e argentinos, com ampliação da lista de produtos e diminuição e dimpostos.

Roupas e bebidas

"Temos produtos com muito potencial de atração e vendas que atualmente estão adormecidos devido a suas altas taxas de importação e outros impostos", diz Juan Vicete Ramírez, da Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este.

Ele cita dois produtos, o setor de vestuário – um dos mais procurados por brasileiros – e as bebidas.

"São dois segmentos (roupas e bebidas) que não aparecem no radar econômico devido à falta de competitividade e que "podem trazer uma recuperação do mercado da ordem de 30%", calcula Ramírez.

Já a redução de taxas e impostos sobre segmentos de produtos tradicionais, como eletrônica e informática, poderia permitir um crescimento de outros 30%.

“É evidente que este corredor turístico de quatro departamentos do país requer imediata atenção", conclui o empresário.

Lojas francas

A par das dificuldades atuais, como já noticiamos aqui no H2FOZ, os empresários de fronteira estão ainda mais apreensivos com a entrada em operação das lojas francas no Brasil.

Pelo menos duas delas já estão na fase final da burocracia para entrar em atividades, em Foz do Iguaçu. Uma delas, por sinal, atuaria no setor de bebidas.

Para algumas lideranças empresariais de Ciudad del Este, este seria o "golpe final" no comércio turístico da fronteira paraguaia.

Foz do Iguaçu

A situação de dificuldade em Ciudad del Este se reflete diretamente em Foz do Iguaçu. Primeiro, porque o desemprego lá atinge muitos trabalhadores brasileiros que atuam no comércio turístico da cidade paraguaia.

Depois, porque quanto menos dinheiro circula em Ciudad del Este, menor a procura de paraguaios por serviços e produtos em Foz do Iguaçu. 

E há ainda o problema do crescimento da violência, lá e aqui, provocada pela substituição de atividades legai por ilícitas, como o tráfico de drogas e armas para o Brasil e a ampliação do poder de grupos criminosos.

Torcer pela expansão do comércio lícito e honesto de Ciudad del Este é também torcer pelo desenvolvimento e pela segurança em Foz. 

Fontes: ABC Color e Arquivo

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