Brasileiros gravam (e denunciam) cobrança de propina na Aduana do Paraguai

O vídeo foi apresentado como prova ao Ministério Público do Paraguai. Houve ainda outras denúncias de brasileiros.

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O vídeo foi apresentado como prova ao Ministério Público do Paraguai. Houve ainda outras denúncias de brasileiros.

O jornal ABC Color destaca nesta quarta-feira, 25, a cobrança de suborno praticado por funcionários da Aduana do Paraguai.

A vítima, um brasileiro, conseguiu gravar todo o diálogo com o pedido de “coima” e fez a denúncia ao Ministério Público do Paraguai.

O caso aconteceu no dia 28 de julho deste ano, por volta das 14h. O brasileiro, identificado como Wellington Oliveira, teve que pagar 3 milhões de guaranis (R$ 2.400) para não ter apreendida uma carga de shampus.

Ele entrava no país com seu carro quando foi retido pelos fiscais. Wellington levava oito caixas de shampus.

Um funcionário, já identificado, disse que o valor – menos de 400 dólares – ultrapassava o limite permitido. Conduziu-o então a um dos galpões e pediu o dinheiro para liberar a carga.

Wellington disse que ia buscar o dinheiro e retornou para entregar a propina, mas gravou imagens e áudio.

Veja a matéria do ABC Color, onde também está o vídeo gravado pelo brasileiro.

Coima viento em popa: graban a aduanero cobrando soborno

OUTRA DENÚNCIA

Dois funcionários de Wellington Oliveira também apresentaram ao Ministério Público outra denúncia formal, relacionada à apreensão de outro lote de mercadorias.

Luis Alifer Mota Goia e Felipe de Souza Rodrigues, que são brasileiros mas moram em Ciudad del Este, denunciaram que, no dia 23 de julho, entravam com 70 caixas de fogos de artifício quando foram parados e a carga foi inspecionada.

Eles mostraram aos inspetores uma nota fiscal de compra da mercadoria, adquirida no Brasil, mas foram informados que o documento não era válido e, por isso, seriam detidos. As mercadorias e os dois veículos em que estavam seriam apreendidos.

Os dois disseram que os funcionários lhes pediram 13 milhões de guaranis (R$ 10.400) para liberar as mercadorias e não informar o Ministério Público.

A denúncia, sempre conforme a notícia publicada no jornal ABC Color, diz que ambos foram maltratados constantemente e só liberados horas depois.

As mercadorias permanecem retidas na Aduana e os veículos foram liberados só na semana passada.

Ao Ministério Público, os denunciantes contaram ainda que as mercadorias valem US$ 390 e são qualificadas como de menor valor.

E pediram que o Ministério Público faça buscas na Aduana e abra uma investigação contra os funcionários que participaram do caso por privação ilegítima de liberdade, corrupção passiva agravada, apropriação ilegítima dos veículos e mercadorias.

Os nomes dos dois funcionários envolvidos são citados na denúncia.

O jornal ABC Color tentou ouvir a versão do administrador da Aduana da Ponte da Amizade, mas não conseguiu contato e se mantém aberto para o que ele tem a explicar.

PASEROS

O ABC Color ouviu um “pasero” (paseros são as pessoas que levam mercadorias do Brasil ao Paraguai), que se disse farto de ter que pagar propina na Aduana.

Ele leva roupas do Brasil para vender no país vizinho e faz de três a quatro viagens por semana. Cada vez que passa pela Aduana, tem que deixar 500 mil guaranis de propina (R$ 400).

E o pior é que a propina é paga duplamente. Primeiro, na Ponte da Amizade. Depois, a alguns quilômetros dali, a funcionários da Coordenação Operativa de Investigação Aduaneira, que fazem fiscalização volante.

O “pasero” desabafou: “Eu decidi falar porque não aguento mais; nós já não ganhamos mais nada”.

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