A região tem muito mais a perder do que a ganhar

Na região não existe trânsito de mercadorias em volume significativo, não é caminho de portos, não é uma região produtora que necessite de grandes aportes econômicos.

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Alvaro Santos (*)

Além de o redator deste artigo (https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/considerar-a-reabertura-da-estrada-do-colono-e-compactuar-com-crimes/) estar coberto de razão, acrescentamos de forma jocosa a utilidade da antiga da Estrada do Colono: esta se transforma na estrada dos "4Ms", ou seja, a estrada se prestava para a passagem de madeira, mandioca, muamba e maconha. O que não seria muito diferente nos dias de hoje.

Leia: Considerar a reabertura da Estrada do Colono é compactuar com crimes

Deixando a graça de lado, a abertura da estada servirá somente para diminuir o trajeto para os deslocamentos para o Sul do país como benefício direto. Desenvolvimento das cidades? Creio que seriam mais postos de gasolina, alguns restaurantes, comércio de artesanato, umas lojinhas ali e acolá, uns vendedores de mexerica, uns de CDs, e ponto final.

Na região não existe trânsito de mercadorias em volume significativo, não é caminho de portos, não é uma região produtora que necessite de grandes aportes econômicos. Enfim, com a abertura em si, a região tem muito mais a perder do que a ganhar.

Vejamos, o volume de turistas na Região Oeste aumentou em 30% nos últimos três anos, então que tal investir no desenvolvimento em si da região? Regra primeira: manter o parque fechado.

Aí, na margem sul do parque, junto ao Rio Iguaçu, estimular o desenvolvimento econômico com a criação de faculdade de nível superior para engenharia de pesca, associar a financiamentos para desenvolver a produção de peixes em açudes e toda a infraestrutura para incentivo dessa prática comercial. Poderia haver um campeonato de pesca no Rio Iguaçu (essa prática atrai turistas, viu?).

Caçadores invadem a área do parque costumeiramente para caçar e retirar palmito, então por que não criar faculdades e cursos técnicos ligados ao parque e à região, como Zootecnia, Aquicultura, Ecologia, Ciências Biológicas, Medicina Veterinária…, todos diretamente ligados à fauna/flora do parque e às atividades econômicas da região. Incentivo econômico à produção de palmito em plantações extensivas é uma opção. (https://www.sna.agr.br/pupunha-e-opcao-de-renda-para-agricultura-familiar/).

Do lado seco do parque, para Serranópolis do Iguaçu e cidades limítrofes, as opções são as mesmas, e poderemos acrescentar a área hoteleira (que também pode ser desenvolvida no lado sul do parque, mas com outras características).

Você sabe por que turistas japoneses, europeus, americanos, canadenses vêm ao Brasil? Não acredite que vêm para Foz do Iguaçu para fazer compras no Paraguai. Vêm para ver natureza, Cataratas, matas e florestas. Bom, para ver favelas também, mas esse não é nosso caso.

Por que não atrair os grandes grupos hoteleiros para a entrada da antiga estrada e lá instalar um grande hotel para aproveitar o parque, reflorestar a área limítrofe ao parque fazendo caminhos, atrações e eventos ligados à floresta, à fauna e ao modo de vida de uma "floresta tropical subcaducifólia"?

Tudo isso que relato pode ser aplicado em cada uma das 14 cidades que margeiam o parque. O parque é uma mina de ouro. Nos dois sentidos, um na biodiversidade própria do parque e outra no potencial econômico da região para atrair investimentos. Serão milhares de empregos, diretos e indiretos, basta ter uma visão empresarial, não se ligar aos interesses políticos de empresários sem capacidade produtiva, visto não terem visão para alcançar um objetivo permanente e social e terem em mira somente o benefício eleitoreiro.

PS: a segunda ponte pode estar ligada a esse evento da estrada fechada, mais do que se possa imaginar, mas é um assunto um pouco mais adiante.

Alvaro Santos é servidor público

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