Bairro em Foz implanta Vigilância Solidária e prevê 100% de monitoramento

Sistema é desenvolvido por uma startup, moradores pagam valor acessível e gestão é da associação de moradores.

Apoie! Siga-nos no Google News

H2FOZ – Paulo Bogler. Fotos: Marcos Labanca

Falta de segurança é um dos principais problemas que tiram o sono da população. Cansados de esperar respostas duradouras e efetivas do poder público, moradores do Jardim Dona Fátima decidiram agir para garantir mais tranquilidade no dia a dia da comunidade: acolheram o projeto Vigilância Solidária.  

Essa decisão se deu depois de frequentes arrombamentos a residências e comércios do bairro. A solução encontrada – o videomonitoramento total – foi apresentada pela associação de moradores e desenvolvida por uma startup iguaçuense. Ela consiste no monitoramento compartilhado de câmeras, que são integradas a uma plataforma em nuvem.

O projeto foi lançado para testes no ano passado. Desde o começo de 2019, as câmeras começaram a operar para valer. Na fase final, serão espalhadas 21 em pontos estratégicos do bairro, para chegar a 100% de cobertura. Por questão de segurança, não é divulgado o número de equipamentos já instalados.

Projeto prevê monitoramento total das ruas do bairro

Presidente da Associação de Moradores do Jardim Dona Fátima I e II, Noel Dias Duarte explica que o bairro é cercado de lavouras, o que facilitava roubos e assaltos. A comunidade reuniu-se em assembleia e definiu comunicar oficialmente os problemas às forças policiais e partir para uma solução própria para enfrentar o problema.

“As câmeras são fatores de segurança e de prevenção. Desde que implantamos o projeto, diminuíram bastante as ocorrências”, relata Noel. “O projeto também ajudou na interação da comunidade. Hoje, um vizinho cuida a casa do outro, há comunicação permanente. Temos um grupo de segurança do bairro no WhatsApp e usamos todas ferramentas que a plataforma de monitoramento oferece”, expõe.  

Noel Dias Duarte – "As câmeras são fatores de segurança e de prevenção".

A adesão ao sistema colaborativo e compartilhado de monitoramento é voluntário. O morador paga uma taxa acessível, quase simbólica. “Podemos garantir que é um valor muito reduzido, pois o Dona Fátima recebe um projeto-piloto. Essa experiência pode ser replicada em outras comunidades”, informa Noel Dias Duarte.

Monitoramento a distância

Morador do bairro Jardim Dona Fátima há três anos, o vigilante Danilo Fernandes conta que viajou recentemente e pôde monitorar de longe a sua residência. “Pretendia colocar câmeras individuais, mas optei pelo sistema compartilhado. Há pouco tempo, estava na praia e podia verificar como estava a minha casa”, diz.

Moradores querem usar câmeras para coibir "desova" de lixo no bairro 

O videomonitoramento do bairro, segundo Danilo, contribuiu também para diminuir os crimes ambientais, já que uma das vias de acesso ao Dona Fátima é local que costumava ser usado para o depósito ilegal de lixo e de restos de árvores e de construção. “Pelas câmeras, foi identificada a placa do carro do motorista que jogava lixo. Ele foi encontrado e teve de retirar o lixo que jogou”, expõe.

À palma da mão

A plataforma e o projeto Vigilância Solidária foram desenvolvidos pela startup TechCam. Com a adesão à proposta, o morador acessa as imagens de todas as câmeras por qualquer dispositivo ligado à internet, como celular, smartphone, tablet e computador. O sistema utiliza o aplicativo IACam, que é leve, gratuito e disponível para baixar nas lojas virtuais.

Aviso de monitoramento fixado nas três entradas do bairro

Diretor administrativo da startup, Adailton de Jesus Silva explica que a plataforma dispõe de um chat para a comunicação direta entre os moradores. O aplicativo também apresenta o botão do pânico, um aviso para o grupo do bairro que aponta o risco e o equipamento que captou o perigo. As câmeras indicam o endereço e uma referência de localização.

“Uma das principais funcionalidades da ferramenta é o botão de pânico, que ao ser pressionado por cinco segundos dispara um alerta geral para todos do grupo”, explica Adailton. “A Vigilância Solidária é um projeto experimental no bairro Jardim Dona Fátima, mas que já confirmou que dá certo”, afirma.

Adailton de Jesus Silva – "Projeto experimental que já confirmou que dá certo".

De acordo com o diretor da startup, as câmeras filmam durante as 24 horas do dia e são dotadas de infravermelho para captar imagens noturnas. O equipamento é instalado na estrutura da casa de um morador, que é chamado de “hospedeiro”. Como contrapartida, ele não paga a mensalidade.

“São câmeras inteligentes, e a instalação é simples, dispensando a necessidade de redirecionamento de portas e configurações complicadas em DVR”, detalha Adailton. “Em caso de queda de internet, o sistema segue funcionando, já que as câmeras têm um cartão de memória. Não há risco de perda das imagens, pois são armazenadas em nuvem”, conclui.

Lideranças de seis bairros de Foz do Iguaçu estão em contato com a equipe da TechCam. Segundo Adailton de Jesus Silva, elas estão conhecendo o projeto Vigilância Solidária e pretendem replicar a ideia em suas comunidades.

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.