CNPq aprova projeto da Unila pra pós-doutorado em nanotecnologia bacteriana

A nanocelulose, produzida por bactérias, é oito a dez vezes mais resistente que o aço e tem múltiplas utilizações.

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Da Assessoria

Primeiro, o que poucos sabem: a nanocelulose, produzida por bactérias, é a grande expectativa do setor industrial. Ela deverá ser "o próximo supermaterial que irá mudar o mundo num futuro próximo”, como diz o professor Valdeir Arantes, da USP.

Voltemos à notícia da Unila. O Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou um pós-doutorado empresarial da Unila, que será sede receptora do projeto da pesquisadora Samara Silva de Souza, doutora em Engenharia Química pela UFSC, que pretende desenvolver biomateriais multifuncionais que possam ser utilizados para a captação de energia. 

Samara já atuava desde abril de 2018, de forma voluntária, no Laboratório de Bioquímica e Microbiologia da Unila, onde desenvolve estudos sobre a nanocelulose bacteriana. 

"Este é um dos biomateriais que têm ganhado espaço na pesquisa devido a suas propriedades específicas, como alta resistência mecânica, biodegradabilidade, grande capacidade de retenção de água, elasticidade, durabilidade e flexibilidade de produção. Nosso objetivo é, por meio de técnicas de nanotecnologia e incorporações de outros componentes, desenvolver novos materiais que possam ter um leque de utilização, como células fotovoltaicas e dispositivos eletrônicos”, explica Samara. 

Apesar da aparência frágil, já há estudos que mostram que a nanocelulose é de oito a dez vezes mais resistente que o aço inoxidável.

O estudo de Samara está correlacionado ao projeto de pesquisa sobre Coleta de Energia (Energy Harvest) coordenado pelo professor Oswaldo Hideo Ando Júnior e que recebeu a Bolsa de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq.

Samara de Souza desenvolve estudos sobre a nanocelulose bacteriana, para uso inclusive em painéis fotovoltaicos. Foto Secom Unil

Pesquisas e inovação

Atualmente, dois projetos de iniciação científica já trabalham com a nanocelulose bacteriana na Unila. A proposta é que, durante o período da bolsa de pós-doutorado, outros estudantes e professores iniciem pesquisas sobre as aplicações dos biomateriais em diversas áreas do conhecimento. 

“Nossa intenção é aproveitar o pós-doutorado e o grupo de pesquisadores envolvidos para consolidar a linha de pesquisa na Unila, além de orientar e formar novos alunos de Iniciação Científica, Iniciação Tecnológica e Mestrado”, diz o supervisor do pós-doutorado, Oswaldo Hideo Ando Júnior.

Outra ideia é buscar organizações parceiras para financiar projetos conjuntos, contribuindo para tornar a Unila desenvolvedora de pesquisa e inovação de excelência. 

“A pesquisa dos biomateriais é algo interdisciplinar que pode envolver áreas como a Biotecnologia, a Engenharia de Materiais, a Química, a Engenharia de Energia e muitas outras. E os resultados podem ultrapassar as fronteiras da academia e trazer, de fato, melhorias para a sociedade por meio de inovação e novos produtos”, salienta Samara.

Não é por acaso que, segundo a USP, países como Canadá, Finlândia e Estados Unidos têm investido pesadamente em nanocelulose, devido à versatilidade e potencial de ser produzido com baixo custo. 

Como funciona o pós-doutorado

Atualmente, de acordo com dados da Divisão de Fomento à Pesquisa, sete pesquisadores estão fazendo pós-doutorado na Unila. O pós-doutorado é um estágio realizado por doutores com menos de dez anos desde a defesa de tese, para aprofundar os conhecimentos em um determinado tema de pesquisa. 

Nessa fase da carreira acadêmica, o pós-doutorando não precisa cursar disciplinas ou defender tese, dedicando-se exclusivamente à pesquisa aplicada. Também não há a figura de um orientador, mas sim de um supervisor, um doutor com maior experiência acadêmica a quem caberá auxiliar o estudante de pós-doutorado no andamento da pesquisa.

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