Falta de acordo com o Brasil sobre autopeças põe em risco emprego de 10 mil paraguaios

Empresas produzem autopeças sob o regime de maquila, com imposto de apenas 1%, o que a Receita Federal vem contestando.

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Por Cláudio Dalla Benetta

A Receita Federal do Brasil pretende estabelecer barreiras ao ingresso de autopeças produzidas no Paraguai, pelo regime de maquila, que praticamente isenta de impostos os produtos exportados. 

O jornal Última Hora, de Assunção, diz que a decisão do Brasil se baseia na falta de um acordo automotivo com o Paraguai, e que medidas restritivas podem pôr em risco 10 mil empregos que o setor gera no país.

Sebastián Acha, assessor da empresa Fujikura (além dela, funcionam no Paraguai a Sumidenso, a Yasaku e a THN Paraguay, que operam sob regime de maquila), disse ao Última Hora que, como não há acordo automotivo, o Brasil não quer reconhecer a tarifa preferencial das autopeças fabricadas nas zonas francas do Paraguai.

Segundo ele, a Receita Federal argumenta que a produção de autopeças não pode ser beneficiada pelo regime de maquila, sistema que tem atraído ao Paraguai dezenas de empresas nos últimos anos.

Muitos políticos brasileiros estão pressionando para desencorajar o investimento de empresas brasileiras no Paraguai, que produzem em condições especiais e depois exportam ao Brasil com tarifas preferenciais.

"A Receita também se vê em apuros depois da campanha política, porque no Brasil fazem crer que o Paraguai tira mão de obra. Então, a instituição se vê compelida por setores políticos a ficar de olho e questionar o sistema de maquila, fazendo referência a que se desenvolve de maneira irregular", disse o assessor da Fujikura ao Última Hora.

Particularmente, conta o Última Hora, a Fujikura teve que desistir de um acordo com a  Volkswagen do Brasil, para a qual iria fornecer cabeamentos, o que exigiria a contratação de mais 400 empregados – a fábrica tem hoje 1.400, por causa do perigo de que a Receita brasileira estabeleça uma proibição de exportação de autopeças paraguaias sob o regime de maquila.

O jornal destaca que a Fujikura contrata principalmente mães solteiras e pessoas surdas. Foi responsável, também, pela criação da primeira prisão industrial para mulheres no Paraguai, numa aliança dom o Ministério da Justiça.

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