Foz termina o ano epimiológico com quase dois mil casos de dengue

Nas últimas semanas, houve uma redução progressiva, mas nem o frio impediu que, em todo o Paraná, a dengue continuasse sua trajetória.

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Veio o frio e, com ele, a (falsa) impressão de que o mosquito que transmite a dengue iria ficar quietinho. Ledo engano. A dengue continua fazendo vítimas, no Paraná, mesmo em ritmo menos agressivo.

Foz do Iguaçu, município que lidera o número de casos confirmados de dengue, registrou quatro casos novos na última semana, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Número baixo, comparado aos de semanas e meses anteriores, mas que traz uma certeza: todo cuidado é pouco.

Vale a velha recomendação de limpar quintais, manter vasos e outros objetos livres de água (pneu, então, nem pensar em ter no quintal), manter garrafas de "boca" pra baixo e tudo aquilo que a gente já sabe, mas nem sempre se preocupa em fazer.

Pois faça. O ano epidemiológico da dengue, que começou em setembro e termina agora em 30 de julho, registrou em Foz nada menos que 1.967 casos confirmados de dengue, o que deixou o município em um nada honroso primeiro lugar em todo o Paraná.

Em segundo lugar ficou Londrina, no Norte do Estado, com 1.291 casos confirmados, e em terceiro nossa quase vizinha Cascavel, com 1.214.

Entre os registros da doença em Foz, 17 foram de dengue grave. Duas pessoas morreram (em todo o Paraná morreram 22, a última delas na semana passada, em Ubiratã, centro-oeste do Estado).

Ainda em relação ao número total de Foz, a maior parte foi autóctone, isto é, contraída na própria cidade. Mas 65 doentes contraíram em outras regiões do Brasil (3% do total) e 93 no Paraguai (5%).

Enquanto houver registro de casos, não há boa notícia. Mas, digamos que, no caso de Foz, o que era ruim melhorou muito. Embora pelo total no ano epidemiológico a cidade permaneça em primeiro lugar, vem perdendo posições ao longo das últimas semanas.

No penúltimo boletim epidemiológico da dengue, da Secretaria de Estado da Saúde, Foz aparecia em 21º lugar em número de casos novos. No boletim desta semana, está em 55º.

Crescimento e queda

O número de casos, em Foz, aumentou geometricamente ao longo deste ano. Em janeiro, houve confirmação de 14 casos; em fevereiro, de 41. O número saltou rapidamente para 242 casos em março, quase triplicou em abril (656) e aumentou ainda mais em maio, para 719.

Já em junho começou uma queda progressiva, com 226 casos confirmados. Em julho, até agora, são 48 casos (ainda falta uma semana pra fechar o mês), o que mostra a doença já sob controle.

A tendência de queda é significativa nesta última semana, em relação às duas primeiras: 21 e 23, respectivamente. Houve o registro de apenas quatro casos confirmados

A semana com o número mais alto de casos foi a última de abril (202), enquanto os quatro desta terceira semana de julho ficaram como o registro mais baixo desde fevereiro.

"Preferências"

A dengue acometeu mais mulheres em Foz (54%) e, em maior número, pessoas com idades entre 15 e 44 anos (55% do total).

O número de pessoas com idades entre um e 14 anos de idade representou 16% do total de casos, enquanto as com idades entre 45 e 59 ficaram com a fatia de 19%. Idosos com mais de 60 anos representaram 10% e crianças com menos de um ano, apenas 1%.

No Paraná

Em seu último boletim, a Secretaria de Estado da Saúde alerta que os casos de dengue continuaram aumentando, mesmo com a queda nas temperaturas.

Na semana passada, eram 18.779; no boletim divulgado na terça-feira, 16, o número havia subido para 20.496 casos, com uma morte.

Atualmente, há 90 municípios em epidemia (incluindo Foz). Desde a última publicação do boletim, mais duas cidades entraram na relação – Corumbataí do Sul e Santana do Itararé – e outras 58 estão em estado de alerta.

O Paraná tem a incidência de 179,18 casos por 100 mil habitantes, o que já gera situação de alerta de epidemia pelo Ministério da Saúde.

Mas em Foz a situação é ainda pior. A incidência de dengue é de 566,36 casos por 100 mil habitantes. O índice de infestação do mosquito da dengue é de 5,3%. Quando o índice supera 4% há risco de epidemia.

Outras doenças

Além da dengue, o mosquito Aedes aegypti provoca doenças como a chikungunya e o zica vírus. Em Foz, há sete casos confirmados de chikungunya, dos quais dois contraídos na própria cidade e cinco importados. Houve 86 notificações.

De zica vírus, houve 39 notificações e um caso confirmado.

Novo ano

Para o novo ano epidemiológico, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e várias secretarias municipais preparam um amplo programa de prevenção, para evitar que Foz do Iguaçu novamente figure entre os municípios com epidemia dde dengue.

Segundo a última publicação do CCZ, desde o início do ano foram retirados mais de 2.700 toneladas de entulhos de imóveis públicos e privados que possuíam focos ou depósitos de criadouros do mosquito.

A capacitação de servidores e a organização de protocolos para o combate ao mosquito Aedes aegypti também figuram dentre as principais ações desta tarefa conjunta.

Desde maio, mais de 500 servidores da saúde, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e agentes comunitários de saúde estão passando por capacitação sobre o manejo de usuários da rede pública nos casos de dengue.

Região endêmica

O problema do enfrentamento à dengue, em Foz, é que a região onde está a cidade é endêmica, com calor intenso e, ainda, com a possibilidade de "importar" casos dos países vizinhos.

Neste ano, houve um problema adicional: faltou a partir de maio, em todo o país, o veneno utilizado para combater o mosquito, com o "fumacê".

Quanto ao frio, o CCZ alerta que os cuidados devem ser os mesmos adotados no verão pra evitar a criação e a proliferação do mosquito. Afinal, ele não morre no frio, apenas se mantém quietinho pra atacar quando começa o verão.

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