Laboratórios do PTI atraem testes de empresas do setor elétrico brasileiro

Desde 2010, a infraestrutura laboratorial de ponta do PTI já foi utilizada para 77 testes e ensaios de Itaipu e outras empresas do setor.

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Um conjunto de equipamentos chama a atenção de quem passa pelo Laboratório de Automação e Simulação de Sistemas Elétricos (Lasse), no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A imponente aparelhagem – formada por seis racks que medem juntos quatro metros de comprimento por dois de altura – integra uma plataforma digital de simulação de sistemas elétricos em tempo real.

O "coração" do RTDS (“Real Time Digital Simulator”) é um computador industrial com elevado poder de processamento, capaz de reproduzir as condições reais de operação de sistemas e equipamentos elétricos. Em resumo, o RTDS permite a realização de testes em equipamentos físicos de sistemas elétricos antes de serem colocados em funcionamento. Desta forma, há possibilidade de verificar as condições de operação, identificar possíveis falhas e corrigi-las.

“Se um dispositivo de proteção atuar de forma indevida, a empresa responsável por esse dispositivo deixa de faturar e pode ser multada”, explica Guilherme Louro Justino, engenheiro eletricista do Lasse.
     
Quando foi feita a entrega do simulador, em 2008, o engenheiro canadense Paul Forsyth classificou o equipamento como um “computador muito especial” e fez uma analogia com a área de aviação.

“É como se fosse um simulador de voo. Quando um piloto derruba um avião no simulador, ele aprende com os erros, sem causar danos a ninguém ou a equipamentos. Similarmente, o RTDS trabalha com diversas ações que fazem parte do dia-a-dia da operação de uma usina”, comparou.
    
Após mais de uma década em operação, há interesse em atualizar a infraestrutura laboratorial, para aumentar ainda mais a capacidade e a qualidade dos serviços prestados pelo Laboratório à Itaipu e outras empresas do setor elétrico.   

Os equipamentos renderam ao PTI R$ 2 milhões, fora o que evitou de gastos para Itaipu. Foto Kiko Sierich

Retorno
    
O RTDS foi adquirido para atender às demandas de Itaipu, porém, também disponibilizado para a comunidade acadêmica e empresas privadas. Desde 2010, 77 testes e ensaios foram feitos utilizando a plataforma, 57 deles envolvendo a Itaipu e o restante, clientes externos, como General Eletric (GE), ABB Brasil, Schneider Electric, Siemens, SMG Tech, TechArt, entre outros.
     
Em termos de valores, os ensaios no ambiente do PTI evitaram custos na ordem de R$ 12 milhões para a Itaipu. Outros cerca de R$ 2 milhões foram captados com outras empresas e reinvestidos pelo Parque Tecnológico em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Outro ganho importante é a construção de conhecimento gerado pela interação entre alunos, professores, pesquisadores e profissionais de empresas que são referência no mercado.

Além da operação do simulador, o Lasse também oferece treinamentos para profissionais de outras empresas. No final de outubro, por exemplo, uma equipe da General Eletric do Brasil (GE) virá ao PTI participar de uma capacitação com o simulador, com duração de uma semana.
   
Simulador é raro no Brasil
    
O RTDS com a capacidade existente no PTI é uma exceção no Brasil e gera resultados precisos e confiáveis. Apenas algumas universidades e empresas do País contam com um equipamento semelhante, mesmo assim em versões reduzidas.

“A maioria tem apenas a parte de processamento do equipamento. O nosso conta com amplificadores de tensão e corrente, que permitem colocar o equipamento sob teste nas mesmas condições a que ele será submetido quando instalado em campo”, explica o engenheiro Guilherme Louro Justino.

Essa “expansão” possibilita ensaios conhecidos como Hardware-in-the-Loop (HIL), e, com isso, testes mais aprofundados dos equipamentos físicos, trazendo ainda maior confiabilidade ao processo. Inclusive, empresas que possuem essa versão reduzida do simulador utilizam o ambiente do Lasse para testes mais completos. Antes do laboratório oferecer esse tipo de serviço, muitos tinham que recorrer ao exterior para esse tipo de atividade.

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