O verde aumentou na microrregião de Foz, em 40 anos. Mas aí ressuscitam certo projeto…

Atlas de estudante de Geografia da Unila, com apoio de outros alunos e instituições, mostra que as áreas de vegetação aumentaram. Mas, mesmo com fiscalização, há ameaças. E agora volta o projeto da Estrada do Colono.

Apoie! Siga-nos no Google News

Por Cláudio Dalla Benetta

Ao contrário do que acontece em praticamente todas as regiões do Brasil, a microrregião de Foz do Iguaçu (onze municípios) ficou mais verde, em 40 anos. Em 1980, praticamente não havia mata ciliar ao longo do Rio Paraná e de seus afluentes, e também não havia nas margens dos afluentes do Rio Iguaçu. Em vários pontos da área do Parque Nacional a mata ainda estava em regeneração.

Em 2017, o mapa mostra um aumento das matas ao longo dos rios da região, por influência dos novos códigos em vigor e das políticas de preservação desenvolvidas às margens do reservatório pela usina de Itaipu, além de programas de conservação das bacias hidrográficas que drenam seu lago. Já no Parque Nacional do Iguaçu, houve recuperação completa das áreas em regeneração.

Atlas da microrregião

Matas 1980. "É possível observar a inexistência de quase toda mata ciliar do Rio Paraná, de seus afluentes, e também de afluentes do Rio Iguaçu."
2017. O aumento das áreas de matas ocorreu sobre pastos e agricultura ao longo dos rios na região, provavelmente por influência do código anteriormente em vigor e pelas políticas de preservação das margens do reservatório implantadas pela Itaipu e por seus programas de conservação das bacias hidrográficas que drenam para seu lago. Também se destaca a recuperação completa das áreas em regeneração dentro no PNI entre 1980 e 2017.

Essas informações constam do Atlas Ambiental da Microrregião de Foz do Iguaçu, desenvolvido (com apoio, veja abaixo) pelo estudante de Geografia da Unila Vinícius Fernandes de Oliveira. O atlas traz mapas e informações sobre hidrografia, geomorfologia, solos, vias de circulação, Produto Interno Bruto (PIB) e população dos 11 municípios que compõem a microrregião de Foz do Iguaçu (que, além de Foz, inclui Céu Azul, Itaipulândia, Matelândia, Medianeira, Missal, Ramilândia, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu e Vera Cruz do Oeste).

É satisfatório saber que, ao invés de perder matas, a microrregião ficou mais verde. E dá pra imaginar que, sem a usina de Itaipu, a soja e outras culturas teriam derrubado tudo o que houvesse de mato pela frente, como acontecia até os anos anteriores à formação do reservatório.

No estudo, Vinícius lembra ainda que a exploração da madeira era uma atividade importante, com 18.000 m³/ano sendo carreadas pelo porto fluvial de Foz do Iguaçu, lá por cinco ou seis décadas atrás.

Ele conta que, durante as atividades de campo dentro do Parque Nacional do Iguaçu, pra desenvolver o trabalho, "foi possível verificar que essa ação ainda perdura tanto para madeira e, principalmente, para o palmito nativo (Euterpe edulis)".

Quer dizer, mesmo com policiamento e com penas severas para os predadores ambientais, as más práticas continuam. E, agora (a novidade da semana), estão ressuscitando "o projeto de lei complementar que cria a categoria Estrada-parque e institui a Estrada-Parque Caminho do Colono no Parque Nacional do lguaçu".

O senador Álvaro Dias, que já foi do Partido Verde, teoricamente defensor do meio ambiente, encabeçou o pedido de desarquivamento do projeto, que já estava em vias de ser arquivado definitivamente. Ele conseguiu as 27 assinaturas necessárias para conseguir que o projeto volte a tramitar, com apoio do senador Oriovisto Guimarães, o novato.

Álvaro Dias passou à frente até do deputado Vermelho, que pretendia fazer o mesmo na Câmara Federal, conforme anunciou a alguns jornalistas.

Entre tantos pontos contra a reabertura da estrada, está um que interessa de perto ao turismo de Foz: o Parque Nacional do Iguaçu pode perder a designação de Sítio do Patrimônio Mundial Natural, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 

O pior é que tanto na Câmara quanto no Senado diminuiu o número de políticos com alguma preocupação ambiental. Prevalece o imediatismo e, especialmente, o populismo, na busca de conquistar ou manter eleitores. 

Voltando ao atlas…

O atlas de Vinícius levantou, não por acaso, esta questão da reabertura da estrada, que só foi fechada depois de muitas pressões de ambientalistas do mundo inteiro.

A pesquisa do estudante da Unila, que aborda o uso das terras e de carbono no solo, foi iniciada em 2014 e finalizada em 2018. 

De caráter interdisciplinar, teve o envolvimento das áreas de Geografia, Química e Ciências Biológicas, sob coordenação, respectivamente, dos docentes da Unila Samuel Adami, Henrique Almeida e Giovana Vendruscolo. 

Também participaram do estudo pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e, ainda, diversos discentes de iniciação científica e de ações de extensão da Unila, além de uma mestranda da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó)

Quer ver como é o atlas? Clique aqui 

A equipe

Da Unila: Angela Alca Quispe, Betânia Cristina Neves, Camila Fernanda Duarte, Denise Gonzales Pereira, 
Fernando Alcolea Cruz, Giovana Secretti Vendruscolo, Henrique César Almeida, Jhonatan de Almeida, Luccas Mello Moreira, Luisa Natalia Parra Sierra, Patricia Antonio de Oliveira, Polianna Teixeira Olegário, 
Samuel Fernando Adami e Vinicius Fernandes de Oliveira.

Do Instituto Agronômico de Campinas, Roseli Buzanelli Torres.

Da Universidade Comunitária Regional de Chapecó, Letícia Daiana Ferreira. 

Da Universidade Federal de São Carlos, ​Sérgio Henrique Vannucchi Leme de Mattos.

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.