Você não é movido exclusivamente pelo rendimento econômico

Cláudia Soares, professora do curso de Economia e pesquisadora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), aborda nesta entrevista questões relativas à economia solidária. 

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Cláudia Soares, professora do curso de Economia e pesquisadora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), aborda nesta entrevista questões relativas à economia solidária. 

H2FOZ – Como podemos identificar iniciativas que são da economia solidária? 
Cláudia Soares –
São iniciativas que não estejam focadas exclusivamente no lucro e tenham outros valores. Não há uma negação da necessidade de ter uma melhora da condição econômica, mas há outros valores que te movem. Você não é movido exclusivamente pelo rendimento econômico. Por exemplo, alguns empreendimentos vão estar focados em manter o emprego ou aumentar o emprego em uma região. A economia solidária não nega o estado, mas é independente.  

H2FOZ – A economia solidária é uma antítese ao capitalismo? 
Para uns autores, sim; para outros, não. Há dois autores clássicos nacionais, o Paul Singer, que diz que é uma negação do capitalismo. Mas para o outro autor, Armando Lisboa, não. Mas há uma negação da lógica exclusiva do lucro. 

H2FOZ – Qual é caraterística do adjetivo solidário no contexto da economia? 
Cláudia Soares – Solidário não é caridoso, é uma colaboração entre iguais. Você doa, recebe e redistribui. Você pode usar dinheiro, não há uma negação do dinheiro. Há a ideia de igualdade, e você não se contenta com relações impessoais e busca criar laços. 

H2FOZ – A economia solidária está mais em evidência agora?
Cláudia Soares – Historicamente há ondas. Às vezes vinculadas a questões negativas. A reação é em função de crises e, às vezes, tem a ver com essa vontade de fazer diferente. A economia solidária existe sempre, mas ela ganha talvez o interesse da imprensa e daqueles que normalmente não estariam dispostos a isso. Por exemplo, pode ser uma crise política que te abre a perspectiva de olhar para outros princípios. Tem a ver com esses momentos de colocar em questão não só a crise econômica propriamente dita. 

H2FOZ – Todo compartilhamento como o Airbnb seria economia solidária? 
Cláudia Soares – Não. O Airbnb é um novo esquema de mercado como qualquer um, o que tem é uma tecnologia que facilita aproveitar melhor o tempo vago do seu imóvel. 

 

REPORTAGEM COMPLETA

Os laços da economia solidária em Foz do Iguaçu 

Projetos de universidade têm foco na economia autossustentável e no compartilhamento de tecnologia

Você não é movido exclusivamente pelo rendimento econômico 

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