
A 3ª Mostra de Culinária e Cultura Indígena será realizada nesta quinta-feira, 15, centralizada em Foz do Iguaçu. Ela vai reunir representante de pelo menos cinco aldeias da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). A cultura avá-guarani sobrevive numa série de reservas nos três países.
Cerca de 2,5 mil índios residem em nove aldeias num raio de 150 quilômetros tendo Foz do Iguaçu como centro
A 3ª Mostra de Culinária e Cultura Indígena será realizada nesta quinta-feira, 15, centralizada em Foz do Iguaçu. Ela vai reunir representante de pelo menos cinco aldeias da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). A cultura avá-guarani sobrevive numa série de reservas nos três países. Na foto ao lado, índios reunidos na edição de 2003.
A exemplo do ano passado, o evento vai acontecer nas dependências do Foz do Iguaçu Country Clube e estará aberto ao público das 9h30 às 16h30. O preço da entrada será um quilo de alimento não perecível.
A promoção é da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu e da Agabco (Associação dos Gerentes de Alimentos e Bebidas da Costa Oeste). A programação contará com venda de artesanato, exposição de artes plásticas, apresentações de dança, música, coral e instrumentos musicais indígenas e atividades esportivas de confraternização entre as tribos presentes.
A edição de 2003 reuniu cinco tribos do Brasil e Paraguai, além da artista plástica Índia O’Hara Maria Pizzatto Andreoli, de Curitiba. Segundo estimativas da organização, cerca de cinco mil pessoas, a maioria estudantes da rede pública e particular do Brasil e do Paraguai, visitaram a mostra.
Neste ano, as tribos representadas no evento serão a Avá Guarani (Sâo Miguel do Iguaçu/Paraná), Aché Guayaki (Naranjal/Paraguai), M”bya Guarani (Ciudad del Este/Paraguai), Maká (Ciudad del Este) e Caicangue (Nova Laranjeiras/Paraná).
Cultura indígena – Pelo menos nove comunidades indígenas, grande parte formada por índios guaranis, vivem num raio de 150 quilômetros em torno de Foz do Iguaçu. As reservas garantem território e espaço para a sobrevivência social e cultural dos primeiros habitantes da tríplice fronteira. São cerca de 2,5 mil índios nas comunidades Avá Guarani, Ache, Tavytera/Xiripá, Mborere, M”bya Guarani e Maká. Os avás são maioria (1.265) entre os índios da fronteira. Possuem três reservas, duas no Brasil e uma no Paraguai. As duas reservas indígenas no lado brasileiro estão localizadas nas cidades de São Miguel do Iguaçu e Diamante do Oeste, distantes entre 40 e 90 quilômetros de Foz do Iguaçu. Em São Miguel está a Reserva Ocoí, numa faixa de terra de 256 hectares às margens do Lago Itaipu. As duas reservas indígenas no lado brasileiro estão localizadas nas cidades de São Miguel do Iguaçu e Diamante do Oeste, distantes entre 40 e 90 quilômetros de Foz do Iguaçu. Em São Miguel está a Reserva Ocoí, numa faixa de terra de 256 hectares às margens do Lago Itaipu.
O mapeamento das aldeias indígenas das três fronteiras consta de um trabalho feito pelo ambientalista Francisco Amarilla Barreto. Há cerca de 20 anos pesquisando as crenças, costumes, a cultura e as tradições dos índios locais, Barreto visita entidades, prefeituras e instituições da iniciativa privada em busca de apoio às tribos.
Nos encontros com políticos e a sociedade civil organizada expõe os problemas das comunidades e a riqueza cultural. Barreto também foi o idealizador e promotor da primeira Mostra da Culinária Indígena em Foz do Iguaçu.
Veja a seguir um resumo do diagnóstico das reservas indígenas na região da Tríplice Fronteira.
Reserva Tekohá Añetete
Um grupo de 145 avá-guaranis está assentado na reserva Tekohá Añetete, uma área de 1.780 hectares distante 15 quilômetros de Diamante do Oeste. A área foi comprada pela Itaipu em 1997. A binacional auxilia a comunidade em convênio com outros órgãos e entidades desde 1998.
A reserva conta com uma estrutura que pode ser considerada muito boa. Tem escola e posto médico, ambas em alvenaria, telefone, poço artesiano, e em andamento a construção de uma rede de água.
A escola, sob o comando do professor Casemiro Tupã, ensina história, guarani e o português para as crianças da reserva. A unidade formou um grupo musical, que já gravou inclusive um CD com músicas indígenas.
Os índios se adaptaram muito bem à reserva e à região. Eles mantêm uma boa relação com a comunidade local. Os avá-guaranis participam de apresentações culturais nas festividades municipais. Na reserva, cortada pelo Rio São Francisco e com uma cachoeira, eles plantam amendoim, banana, feijão, mandioca e milho.
Todos os anos é feita uma programação das culturas agrícolas. O trabalho de preparação do solo é feito mecanicamente. Para este ano, a Itaipu adquiriu juntas de boi para que este preparo não dependa da aquisição de combustível.
A produção que antes era feita por cada uma das 29 famílias hoje é feita por sistema de mutirão. Os índios passaram a se dedicar à apicultura e à criação de suínos. A Itaipu pretende colaborar um projeto de criação de animais silvestres que teria a coordenação da Funai.
Além da Itaipu e da Funai, participam dos programas e projetos a prefeitura de Diamante do Oeste, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Funasa (Fundação Nacional da Saúde), o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e o Ibama.
Reserva do Ocoí
Localizada em São Miguel do Iguaçu, a Reserva do Ocoí tem área de 256 hectares e abriga atualmente 115 famílias, totalizando cerca de 520 índios. Quando foram assentados no Ocoí, em 1982, os índios eram em número menor: 53 famílias (265 índios), sendo que 145 se mudaram para a reserva Tekohá Añatete.
O aumento da população da reserva se deve a migração de família guaranis do Paraguai, que vieram em busca de melhores condições de vida. Hoje, a realidade do Ocoí é de extrema necessidade. A situação dos índios, na sua maioria, encontra-se abaixo da linha da pobreza.
A Itaipu Binacional está terminando um diagnóstico social das famílias. O levantamento orientará as ações a serem desenvolvidas para solucionar a questão populacional da reserva. A área de 256 hectares não comporta o número de famílias que hoje residem ali.
Uma das alternativas é o trabalho conjunto com a diretoria paraguaia da binacional e os órgãos governamentais daquele país no desenvolvimento de projeto semelhante ao já implantado na reserva de Diamante do Oeste. Para técnicos da Itaipu, a efetivação destas alternativas reduzirá sensivelmente a população do Ocoí, possibilitando que outras atividades venham a ser implantadas.
A situação da reserva levou a Itaipu a implementar ações emergenciais visando a retomada da atividade produtiva. Uma destas ações foi a limpeza dos terrenos para posterior preparação do solo e plantio de culturas já para 2004.
A Itaipu definiu junto a Pastoral da Criança e a Secretaria Municipal de Saúde de São Miguel outras ações necessárias para reverter o quadro de desnutrição das crianças na reserva. Essas atividades terão inicio na segunda quinzena de julho.
Indígenas do Paraguai
No lado paraguaio, no Departamento (Estado) de Alto Paraná, fronteiriço com Foz do Iguaçu e as cidades lindeiras do Lago de Itaipu, cerca de 600 índios vivem em situação mais do que precária, próximo a cidade de Hernandarias, a 60 quilômetros de Foz, numa área de 250 hectares, litigada e invadida por agricultores paraguaios.
“Entre os índios da fronteira a pior situação, de miséria e de abandono, os mais sofridos, são os avás guaranis de Hernandarias. Eles ocupavam historicamente uma área de mais de três mil hectares, hoje reduzida a 250 hectares, passam fome, frio e vivem do pouco artesanato que produzem”, afirma Barreto.
A Dirección General de Estadística, Encuestas y Censo, o IBGE paraguaio, levantou em 2002 uma população de 4.765 índios que vivem em 32 comunidades no departamento de Alto Paraná.
Barreto identificou mais três comunidades próximas à fronteira. Os M”bya Guarani estão assentados numa área de 190 hectares numa reserva incrustada no Parque do Museu Bertoni, localizado na cidade de Presidente Franco, a 15 quilômetros de Foz do Iguaçu.
O parque pode servir também para observação de animais, pássaros e para contemplação da natureza. Ao seu redor, estão quatro grupo indígenas. São 40 famílias, 200 membros, que comercializam artesanato no Museu Bertoni.
A 130 quilômetros da fronteira de Foz do Iguaçu, nas proximidades das cidades paraguaias de Santa Rita e Naranjal, estão assentados 123 índios achés num parque nacional de 2,5 mil hectares às margens do rio Ñacunday.
“Os achés têm as melhores condições de vida. Vivem da agricultura de subsistência e do artesanato. E têm apoio do missionário norte-americano Bijarne Foster Word”, conta Barreto.
Na Reserva Natural Del Bosque Mbaracayu, a 100 quilometros da fronteira, estão assentados 180 índios Tavytera/Xiripa numa área de 64,4 mil hectares. São dois grupos, um com 70 a 80 índios e outro com 100 índios que estão assentados na mesma reserva.
Ainda em território paraguaio, em Ciudad del Este, que faz limite com Foz, estão os índios da tribo Maká. A comunidade é a que possui melhores condições para sobreviver. Os 275 índios estão inseridos em programas sociais da prefeitura. Três vezes por semana profissionais da área de saúde fazem visitas aos indígenas. Os Maká são atendidos por dentistas e médicos (pediatra e clínico geral).
A comunidade reside numa espécie de aldeia conjunta. No espaço cedido pela prefeitura, eles possuem energia elétrica e água encanada. A maior dificuldade é a falta de comida. Os Maká dependem da comercialização de seu artesanato para fazer compras nos supermercados da região.
Indígenas da Argentina
Próxima a Puerto Iguazú, cidade fronteiriça a Foz do Iguaçu, há duas comunidades indígenas das 42 existentes na Argentina. Os índios Fortin M”Bororé Iriopú estão assentados em uma área de 150 hectares no Parque Estadual de Urugua-I.
Na reserva, eles plantam para sobreviver, têm uma escola na área que ensina espanhol e ciências naturais, matemática, história e guarani. O maior problema é a área que ocupam, pequena para os 275 índios das duas comunidades.
“É comum encontrar as crianças guaranis vendendo artesanato ou pedindo alimentos perto da Ponte da Fraternidade e na região do Porto Meira e nos atrativos turísticos de Puerto Iguazú”, diz Barreto.
SERVIÇO:
Quem quiser conhecer os costumes e a cultura dos índios que habitam a região das três fronteiras deve entrar em contato com Francisco Barreto Amarilla
Endereço: Rua Joaquim Firmino, 56, centro
CEP: 85.851-070 – Foz do Iguaçu – PR
Telefone: (0xx45) 572-9340
Comentários estão fechados.