Pra combater invasões, Itaipu muda plano diretor de áreas protegidas

O problema é ainda mais grave no Paraguai, onde ocorrem até pesca ilegal e caça clandestina.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Em meio a constantes ataques a suas áreas de mata nativa protegidas na margem paraguaia, a Itaipu Binacional aprovou um novo Plano Diretor de Gestão Ambiental, que define diretrizes e forma de ações para proteger essas áreas e a região do reservatório da usina, além de atuar em interação com as comunidades do entorno.

O plano, atualizado depois de quase 20 anos, regulamenta o uso e ocupação das áreas protegidas de Itaipu, considerando as modificações na legislação ambiental, assim como as demandas socioambientais em ambas as margens, segundo a própria empresa.

Invasão e desmatamento

Guardas florestais de Itaipu constatam a devastação promovida por invasores. Foto Itaipu
O desmate ilegal, agora feito pelos que se dizem "camponeses sem terra", segue até a margem do reservatório. Foto Itaipu

A agência de notícias IP, do governo paraguaio, também fala sobre as invasões a áreas protegidas de Itaipu. Segundo a agência, em plena quarentena sanitária, Itaipu constatou a derrubada de pelo menos 11 hectares de bosques nativos na região de Puerto Índio, a cerca de 100 quilômetros a montante (acima) da usina hidrelétrica.

A área onde houve a destruição é particularmente sensível, considerando que a faixa de proteção de Itaipua, constituída por uma cobertura de mata, tem a função de reduzir a erosão e o ingresso de sedimentos no reservatório, protegendo a água, matéria-prima pra geração de energia.

A faixa de proteção também se constitui num corredor biológico que une as reservas e refúgios de Itaipu, permitindo a passagem dos animais e a preservação de outras formas de vida silvestre.

No final de janeiro deste ano, os guardas florestais de Itaipu verificaram as primeiras derrubadas de árvores nativas na área. A empresa solicitou reforço policial e apresentou denúncias ao Ministério Público.

Segundo a agência IP, nestes últimos meses, comitivas policiais acompanharam promotores em fiscalização na área, mas em todas as vezes os invasores fugiram. Dias depois, voltaram pra provocar ainda mais desmatamento. A área foi finalmente ocupada por essas pessoas, que se dizem camponeses sem terra, e a derrubada de árvores continua avançando, situando-se a poucos metros da represa.

Atualização do plano

Em seu site, a Itaipu no Paraguai lembra: "É preciso observar que a atualização das normativas se dá num momento em que Itaipu vem denunciado fatos puníveis como invasão de imóvel, derrubada indiscriminada de árvores, pesca ilegal e caça clandestina em suas distintas áreas protegidas, principalmente na região de Puerto Índio, Alto Paraná, onde a situação se tornou crítica".

Estes casos, diz a Itaipu, "atentam contra o patrimônio natural de toda a região de influência da represa, já que as áreas nativas protegidas permitem manter em estado natual a água, além de constituir um corredor antierosivo que protege o curso do Rio Paraná e as matas da Flroesta Atlântica de Alto Paraná, um dos ecossistemas mais importantes da biodiversidade".

Recentemente, guardas florestais de Itaipu encontraram restos de um animal sivestre provavelmente vítima de armadilhas, na reserva Itabo (veja abaixo). Os artefatos, segundo Itaipu, teriam sido colocados pelos invasores que constantemente entram na propriedade da usina e que já estão sendo investigados pelo Ministério Público.

O Plano Diretor de Gestão Ambiental anterior havia sido aprovado pela Itaipu em 2000, mas, levando em conta as necessidades atuais de encarar ações que possam ajudar a proteger essas áreas, as autoridades da binacional consideraram oportuno contar com novas normativas ambientais.

Leia mais sobre invasões de áreas protegidas, em que Itaipu usa um tom duro para falar de novas invasões e reclamar que, apesar que, das denúncias constantes, as autoridades do Paraguai pouco fizeram.

Invasores de reserva-no-paraguai-matam-onca-parda-com-armadilhas

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