Paraguai investiga empresas suspeitas de envolvimento com cocaína apreendida na Bélgica

Esquema de tráfico envolve o transporte das mais diversas mercadorias para a Europa, de farinha de soja a tinta. Nos contêineres, vai também a droga.

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Agentes da Secretaria Nacional Antidrogas e promotores fizeram várias investigações, nesta sexta-feira, para buscar evidências da participação de empresas paraguaias no envio de cocaína para a Europa.

No último dia 2, a polícia belga apreendeu quase 11 toneladas da droga, que veio num contêiner carregado de peças de couro, procedente do porto de Villeta, próximo a Assunção.

Em Assunção, as buscas se concentraram nas residências dos responsáveis pelas empresas Atis, Neumáticos Guairá, Notias Maxigrains. Também houve buscas nas supostas sedes das empresas nos municípios de Luque e Mariano Roque Alonso e, ainda, no curtume Fabe, em Villa Hayes.

Ninguém foi preso.

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SUSPEITAS

A carga de couro exportada para a Bélgica, noticia o jornal ABC Color, foi adquirida da empresa Fabe pela Neumáticos Guairá. Antes de embarcar no navio, as peças de couro foram armazenadas num depósito da empresa Maxigrains, em Villeta. Dali, a mercadoria foi ao Porto Seguro Fluvial. O navio com a carga deixou o porto em 12 de fevereiro, fez escala em Buenos Aires entre 26 e 28 de fevereiro e chegou ao porto belga de Antuérpia no dia 2 de abril.

As autoridades belgas, ao fiscalizar a carga, encontraram de fato o couro, mas, escondidas no mesmo contêiner, estavam as 11 toneladas de cocaína.

No dia 18 de junho do ano passado, neste mesmo porto belga, foram apreendidos 1.331 quilos de cocaína, dentro de um carregamento de farinha de soja, enviado pela empresa Atis, também via porto de Villeta.

O promotor Eduardo Royg, encarregado da operação “Conexão Budapest”, disse ao jornal Última Hora que um dos sócios da Neumáticos Guairá explicou que a empresa faz um serviço logístico. Como uma empresa da Suíça queria adquirir as peças de couro, a Neumáticos Guairá adquiriu o material de outra empresa.

A ligação das empresas é clara: o vice-presidente da Atis SA é também sócio da Notia SRL e da Maxigrains; é ainda representante da Neumáticos Guairá.

Consta que ambas as cargas, a de couro e a de farinha de soja, tinham como destino final a empresa Fritz Company, de Israel, mas as investigações já apontaram que a firma israelense nunca fez os pedidos a uma empresa paraguaia.

A nova apreensão na Europa confirma que o Paraguai é hoje um grande “exportador” de cocaína, que segue junto com as mais variadas cargas, que agora incluem farinha de trigo e peças de couro.

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